São Paulo, domingo, 25 de agosto de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SP e RJ profissionalizam crime em São José

ISNAR TELES
DA FOLHA VALE

A cidade de São José dos Campos (97 km de SP) está passando por um processo de "metropolização" da violência.
A proximidade com as duas maiores cidades do Brasil -São Paulo e Rio de Janeiro- acelerou nos últimos 12 meses a "profissionalização" de quadrilhas e contribuiu para o surgimento de supostas ramificações do crime organizado, afirma a polícia.
Um dos indicativos que sustentam a tese é o aumento no número de homicídios e a prisão de assaltantes que "migraram" de São Paulo para a cidade.
"O sonho de uma cidade tranquila acabou. Hoje não existe mais segurança, só temor e medo", diz o ortopedista Luca Branquinho, 58.
O médico passou mais de três horas em poder de quatro assaltantes em sua casa no bairro do Jardim Apollo, de classe média alta, em novembro do ano passado.
Homicídios
Nos últimos seis meses, 93 casos de homicídio foram registrados nos distritos policiais de São José -um aumento de quase 50% em relação ao mesmo período do ano passado.
Segundo a polícia, 90% dos casos estariam relacionados diretamente com a disputa das quadrilhas de São Paulo e Rio de Janeiro pelo controle do tráfico de drogas nas regiões sul e leste da cidade.
A onda de violência que atinge a cidade fez que com a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e prefeitura lançassem esta semana a campanha "Pela Justiça e em Defesa da Vida", que segue o modelo da Reage São Paulo.
A "migração" de assaltantes de São Paulo é apontada pelo delegado seccional de São José, Pedro Alberto Kliamca, 60, como um dos principais problemas que a polícia da cidade enfrenta no combate aos roubos -que só neste ano somam 838 casos.
Essa suposta "migração" resultou nos dois maiores assaltos ocorridos no país desde a adoção do Plano Real, em julho de 94.
TAM
Entre março e abril deste ano, quadrilhas utilizaram fuzis AR-15 e AK-47 para roubar R$ 11 milhões -R$ 6 milhões da empresa Protege e R$ 5 milhões do avião Fokker-100 da TAM (Transportes Aéreos Regionais).
Em ambos os casos, as prisões efetuadas pela polícia foram de assaltantes de São Paulo e do Rio -entre eles o "Carlinhos Carioca", apontado como braço direito da organização criminosa carioca Comando Vermelho.
Carlinhos teria alugado uma casa em São José para planejar o assalto de R$ 6 milhões à Protege.

Texto Anterior: Família contrata segurança particular
Próximo Texto: População faz campanha
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.