São Paulo, domingo, 25 de agosto de 1996
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FACILIDADES

A constatação, feita por esta Folha na edição de anteontem, de que um dos comitês do candidato Celso Pitta (PPB) cadastrou eleitores prometendo-lhes um apartamento do tipo Cingapura é bastante grave.
Ninguém duvida de que existam fraudes eleitorais neste país, mas a forma tão descarada como um dos comitês de Pitta e do candidato a vereador Batista Oliveira, do mesmo partido, angariava votos revela o quão precária ainda é a situação, mesmo nos grandes centros urbanos.
Não se pode, é óbvio, afirmar que Pitta tinha conhecimento da suposta barganha ou mesmo a tenha autorizado, mas é mais do que evidente que ele tem responsabilidades sobre o que ocorre dentro de seus comitês. Se em um deles acontece fraude, não basta dizer que dela não tinha conhecimento. É preciso agir rapidamente e com máximo vigor para restabelecer a situação de legalidade.
As declarações do vereador de que na verdade pretende, se eleito, apresentar à Câmara projeto de venda de apartamentos para pessoas de baixa renda e que só havia antecipado o cadastramento como uma forma de "facilidade" não convencem.
Como esta Folha constatou, as pessoas que se cadastraram saíram certas de que estavam numa espécie de fila para receber uma unidade do Cingapura, o projeto habitacional tão alardeado pela propaganda malufista.
A democracia brasileira começa a consolidar-se. É preciso que estejamos muito atentos contra todo tipo de atentado à vontade popular.

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