São Paulo, domingo, 25 de agosto de 1996
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O fôlego de FHC

CLÓVIS ROSSI

São Paulo - "A Esplanada dos Ministérios parece um túmulo." Essa avaliação foi colhida em lugar privilegiado da base de sustentação do governo no Congresso Nacional.
Quem sou para discordar? Faria até ressalvas, poucas, é verdade.
O problema é que esse tipo de avaliação começa a se disseminar com tal velocidade, mesmo na base governista e principalmente em São Paulo, que dá a impressão de que o governo FHC é cachorro morto.
É possível até que a pesquisa que esta Folha publica hoje, sobre sucessão presidencial, reforce essa impressão. Cuidado. A pesquisa foi feita exclusivamente em São Paulo-capital e, mais, em plena onda de ascensão de Pitta. Não pode ser tomada como indicação, mesmo levíssima, do que acontecerá em 1998 nem mesmo em São Paulo.
FHC e seu governo, acho, estão muito longe de ser cachorro morto. Primeiro, porque a história eleitoral recente da América Latina mostra que inflação baixa é uma tremenda catapulta eleitoral. Que o diga Carlos Menem, reeleito em 1995, em plena tormenta causada pelo chamado "efeito tequila", com recessão e desemprego recorde.
Além disso, o governo pode perfeitamente dar uma ajeitada na economia, beneficiando-se, entre outras coisas, de uma conjuntura internacional favorável.
O investimento externo direto no Brasil (aquele que cria riquezas e, por extensão, empregos) foi, no primeiro semestre, o mais alto dos seis países latino-americanos para os quais há dados disponíveis (US$ 4,3 bilhões).
A revista "Time" desta semana avisa: "Esqueça o Nafta -a América do Sul está ocupada construindo seu próprio e poderoso bloco comercial, o Mercosul".
Não sei se a reeleição passa ou não. Mas, pelo menos por enquanto, não estou aceitando apostas contra a hipótese ou contra FHC-98. É prematuro demais.

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