São Paulo, domingo, 25 de agosto de 1996
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Geopolítica do PSDB

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - As eleições municipais de outubro devem produzir vários resultados na política nacional. Um deles será dentro dos partidos.
A nova geopolítica partidária incluirá uma nova correlação de forças regionais no partido do presidente Fernando Henrique Cardoso, o PSDB.
Nascido de uma parcela do PMDB, majoritariamente fora do Congresso, o partido dos tucanos sempre foi dominado por duas elites políticas. Uma de São Paulo e outra do Ceará.
Em São Paulo, os caciques tucanos hoje são Fernando Henrique Cardoso, Mário Covas e José Serra. No Ceará, o comando sempre esteve nas mãos de Tasso Jereissati e Ciro Gomes.
Só que os eventuais fracassos do PSDB em São Paulo e Fortaleza -sem contar o Rio, que anda na corda bamba- vão abalar um pouco a hegemonia dessas elites no partido.
A maioria dos tucanos sempre se submeteu ao desejo dos paulistas e cearenses. Agora, os excluídos devem começar a ter mais voz no partido.
É a velha história. Em política não existe vácuo. Se há espaço, alguém ocupa. No caso, o espaço vai ser deixado pelos tucanos que não conseguiram, pelo menos até agora, viabilizar seus candidatos a prefeito em locais vitais para o partido.
É inevitável que o establishment tucano ceda espaço para novos quadros depois das eleições. Gente que já tem cargo. Mas pouco poder.
Estão em alta o governador de Minas Gerais, Eduardo Azeredo, o deputado Artur Virgílio (AM), secretário-geral do PSDB, e o senador Teotônio Vilela (AL), presidente do partido.
Isso tudo não significa, necessariamente, animosidade entre os dirigentes peessedebistas. O fato é que as análises das antigas elites tucanas não serão mais palavra final nas reuniões.
Em resumo, os palpiteiros tucanos de sempre terão de se contentar com uma posição um pouco mais distante dos holofotes.
E o PSDB terá de admitir a dura realidade: falta muito para se tornar o grande partido que pretende governar o país durante 20 anos.

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