São Paulo, domingo, 25 de agosto de 1996
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Por dentro dos perfumes

GABRIELA MICHELOTTI

Os perfumes deixarão de ser apenas uma sofisticação charmosa e passarão a ter aplicações mais "sérias", como remédios ou relaxantes.
Essa é a conclusão de uma pesquisa de cinco anos realizada pelos antropólogos canadenses David Howes e Anthony Synnott e pela historiadora, também canadense, Constance Classen, que lançaram o livro "Aroma" (editora Jorge Zahar) na Bienal do Livro.
"Pesquisas mais recentes mostram que os perfumes influenciam o comportamento humano", afirma Constance. "Por exemplo, a lavanda também é relaxante. Se você colocar um pouco de lavanda no travesseiro, poderá dormir melhor."
David Howes afirma que empresas norte-americanas e japonesas estão fazendo experimentos com aromatização de ambientes.
"Os escritórios são perfumados com cheiros diferentes em determinadas horas do dia, para tornar os funcionários mais produtivos, ou mais relaxados," afirma Howes.
A escolha do perfume
Em entrevista para a Revista da Folha, Howes e Classen fizeram previsões para a indústria dos perfumes.
Segundo eles, os novos perfumes serão cada vez mais unissex.
"Até a década de 60, os homens não usavam perfume. Há dez anos houve o boom de perfumes para homens", afirma Howes.
"Os femininos eram feitos de substâncias florais, como lavanda e rosas, e os masculinos eram cítricos, com base de pinho ou eucalipto. Hoje, essa divisão deve acabar. A tendência é os perfumes serem todos unissex."
A Calvin Klein foi a primeira grande marca a lançar um perfume unissex, o "Brut" (lançou recentemente mais um, "One").
Também será maior a quantidade de substâncias usadas nos perfumes. "Há algumas décadas, havia só os cítricos e os florais. Hoje, por exemplo, estão sendo cada vez mais usados os aromas de frutas", diz Constance, que gostou dos perfumes de mamão e de outras frutas tropicais.
"Temos vontade de comer esses perfumes. Jamais pensaríamos em fazer isso com o Chanel no 5, por exemplo", brinca Howes.
Ele e Constance também dizem que o reinado dos perfumes franceses, se não acabar, está ameaçado.
"A França tinha condições climáticas para o cultivo de flores. Mas hoje quase tudo é sintético", diz Constance.

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