São Paulo, segunda-feira, 26 de agosto de 1996
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Ausência de pai atrapalha aluno, diz professor

FERNANDO ROSSETTI
DA REPORTAGEM LOCAL

Enquanto os estudantes dizem que, para ser feliz, é importante ter o amor da família, os professores acham que os pais estão deixando nas mãos das escolas quase toda a educação dos filhos -ou seja, estão descuidando deles.
Resultado: mais de dois terços dos pais e dos filhos declaram ter dificuldade no relacionamento.
Essa carência dos filhos e ausência dos pais -impasse que qualquer diretor de escola conhece- é mostrada em uma pesquisa encomendada pela Associação Brasileira de Educação e Cultura (Abec).
O estudo, realizado pela Cyelus, empresa especializada em projetos sociais, cobriu dez escolas maristas -mantidas pela Abec- em nove cidades de São Paulo, Paraná e Distrito Federal. São, ao todo, 21.500 alunos e 1.070 professores.
"Podemos dizer que os resultados são representativos de toda uma faixa de renda", afirma o coordenador pedagógico da Abec, Ricardo Tescarolo, 46.
A população das escolas maristas gasta em torno de R$ 500 a R$ 1.000 por mês na educação de dois filhos. "Eles não têm problema de dinheiro, mas de carência", diz Lúcia Fávero, diretora da Cyelus.
A idéia da pesquisa é fornecer subsídios para que a Abec trabalhe de forma mais integrada questões como ética, moral, cidadania, drogas e Aids, envolvendo pais, professores e alunos.
Na questão da relação afetiva de pais com filhos, Tescarolo já conclui que, "se a família não assumir a parte dela na educação, vai ficar difícil lidar com isso".
A idéia é ampliar a participação dos pais em atividades da escola -na pesquisa, a soma de atitudes negativas dos pais em relação à escola, apontada por professores, é superior (46%) às atitudes positivas (42%) -leia quadro acima.
Em relação ao tema drogas, 39% dos professores declararam ser pouco ou mal informados. Entre os pais, esse índice é de 31%.
As informações que professores e pais recebem sobre sexualidade, Aids e drogas vêm majoritariamente da TV, de jornais e revistas (entre 91% e 93%).
Apenas 10% dos pais declaram ter recebido alguma informação nas escolas. Entre os alunos, de 5ª série ao 2º grau, essa proporção, aumenta. Fica entre 26% e 45%.
Em relação a drogas, 67% dos alunos se dizem pouco informados ou desinformados; sexualidade, 52%; e Aids, 35%.
(FR)

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