São Paulo, segunda-feira, 26 de agosto de 1996
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Universidade Solidária

ANTONIO VERONEZI
A partir da experiência da Universidade Solidária, implantada pelo governo federal, podemos aproveitar os aspectos positivos de sua finalidade e incrementar novos núcleos educacionais que reproduzam em nível estadual ou municipal o trabalho desenvolvido na esfera nacional.
Na realidade, não é fácil, para um país com as dimensões do Brasil, empreender um programa educacional alternativo eficiente quando as distâncias e as carências são enormes.
Ainda estamos arraigados ao modo de pensar que tudo é tarefa a ser feita pelo Estado, excluindo a responsabilidade da sociedade na promoção de programas complementares às medidas governamentais.
No caso da Universidade Solidária, sabemos do esforço de jovens universitários que levam às populações pobres, das mais remotas regiões, o elemento essencial do aprendizado escolar, da alfabetização, de noções conceituais sobre alimentação, saúde, cidadania e outros conhecimentos importantes.
Segundo os relatórios apresentados, há experiências interessantes, animadoras do trabalho dedicado e despojado desses jovens que saem da comodidade dos grandes centros urbanos e partem para a ação comunitária efetivamente solidária.
Seria importante que os governos estaduais e as prefeituras somassem seu esforço ao do governo federal para ampliar a idéia da Universidade Solidária, permitindo uma extensão maior de esforços dessa natureza, de permitir a um contingente maior de pessoas a oportunidade de beneficiar-se com essa ação social.
Muitos poderão dizer que isso não é o suficiente. Mas é um passo a mais de colaboração solidária, sem dúvida alguma.
A sociedade deve participar com disposição da parceria, para que instituições públicas e privadas, juntas, possam atuar na implementação de programas educacionais criativos e dinâmicos que ofereçam ao jovem universitário, recém-formado ou pós-graduado, a oportunidade de contato mais próximo com a realidade social de outro Brasil.
O que não se pode é cruzar os braços ou esterilizar energias positivas em discussões do tipo "isso é errado", "aquilo não funciona", "tal programa não presta", "aquilo não resolve, não vai dar certo"... Antes dessa postura, é preciso a cada um oferecer a sua parte, produto de suas possibilidades.
Não se discute que o projeto educacional brasileiro deve ser conjuntural, para todos os níveis; e estrutural, visando melhorias abrangentes. Não pode ser apenas a escora de medidas isoladas e paliativas. Ao contrário, se as medidas ajudam na construção de um projeto nacional com soluções para os diversos níveis de ensino, podemos nos animar e colaborar para que, da soma de todos, surja um país renovado.

Antonio Veronezi, 52, engenheiro químico, é chanceler da Universidade Guarulhos e presidente do Conselho Deliberativo da Anup (Associação Nacional das Universidades Particulares).

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