São Paulo, segunda-feira, 26 de agosto de 1996
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Preconceito no mercado é passado, diz 'headhunter'

DA REPORTAGEM LOCAL

Para os "headhunters" e as empresas de recursos humanos, o preconceito contra mulheres no mercado do trabalho é coisa do passado.
"O importante é que a pessoa tenha um perfil adequado ao cargo, independentemente de ser homem ou mulher", diz Ricardo Xavier, 51, presidente da Manager Assessoria.
Xavier aponta até algumas vantagem para as mulheres.
"Quando temos mulheres competindo com homens por um cargo, elas muitas vezes apresentam mais vantagens pois, se venceram todas as barreiras para provar que têm a mesma competência que os homens, são melhores", afirma.
A explicação dos especialistas vai mais longe. "Em uma disputa de vagas, muitas mulheres aceitam ganhar menos que os homens", diz Claudir Fanciatto, 46, vice-presidente do Grupo Catho.
Para ele, "essa iniciativa parte delas, vem da criação e faz parte da dinâmica de mercado".
Preconceito admitido
Guilherme Velloso, 51, da PMC Amrop International, tem a mesma opinião. "Trabalho só com a elite do mercado de executivos. Na disputa por altos cargos as mulheres podem ser melhores porque tiveram que brigar muito para alcançar sua posição. Em geral foram obrigadas a abdicar um pouco de sua vida pessoal para vencer o preconceito", diz.
Os "headhunters" dizem que atualmente a procura é por qualificação, não importando o sexo, mas admitem que ainda há um pouco de preconceito.
"É injusto mas é a realidade", diz Velloso. "Vivemos em uma sociedade machista, e a inserção das mulheres no mercado de trabalho ainda é recente. Muitos homens se ressentem com essa 'invasão' de mulheres. É uma mudança cultural, pois saímos daquela sociedade em que os homens sustentavam as mulheres."
Questão de tempo
Para Simon Franco, 57, presidente da Simon Franco Recursos Humanos, a inserção das mulheres no mercado é uma questão de tempo.
"Quem está tentando entrar no mercado vai ter que disputar o espaço, desalojar quem já está lá. Ninguém dá nada de graça. As mulheres precisam ter paciência e lutar para que isso mude", diz.

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