São Paulo, segunda-feira, 26 de agosto de 1996 |
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Quem é maduro para transar segura a onda sozinho
SILVIA RUIZ
"Intimidades não devem ser compartilhadas entre pais e filhos", diz a psicóloga e colunista da Folha Rosely Sayão. "Quem não estiver a fim, não deve contar", diz o ginecologista especializado em sexualidade Malcolm Montegomery. A maioria dos jovens entrevistados pelo Folhateen também disseram achar muito difícil ter esse tipo de diálogo com a família. Alguns por medo da reação dos pais, outros por não se sentirem à vontade com o assunto. A estudante Gisele Figueroa, 19, por exemplo, é radical e declara: "Mãe é mãe. Mãe não é amiga. Por mais aberta que ela seja, não consegue encarar numa boa. É como a gente imaginar a mãe transando." Mas nem sempre a meta do filho é "esconder" sua intimidade sexual. Pelo contrário, há quem sinta necessidade de se abrir com os pais, mas sofre com a possível reação deles. Nesse caso, diz Rosely, a pessoa deve tentar saber qual o motivo dessa vontade. Muitas vezes, ela vem da necessidade de se obter a aprovação do pai e da mãe. No fundo, esse filho acha que está fazendo algo errado e se sente culpado. Talvez ainda não tenha maturidade suficiente para começar a transar. "Quem já transa e encara isso numa boa deve encarar sozinho, senão é melhor dar um tempo", diz a psicóloga. Na categoria "estou seguro da minha vida sexual e não tenho a menor vontade de discuti-la com meus pais" se incluem jovens que se vêem obrigados a falar com a família sobre o que não querem, tal a pressão feita pelos pais. O que fazer? Trate de tentar sacar, entender mesmo o tipo de pai e mãe que tem para aprender a conviver com eles. Não adianta viver angustiado ou partir para o confronto com a família. Não vai resolver o problema, garantem os especialistas. A verdade é que não existem fórmulas prontas para a boa convivência. A sua vida sexual até pode ser discutida de forma tranquila e aberta com a família. Só depende do tipo de relacionamento estabelecido entre você e seus pais", diz Rosely. E isso desde a infância. "Acho difícil que esse tipo de diálogo comece a existir no momento em que os filhos iniciam a vida sexual", diz Maria Ignez Saito, coordenadora da unidade do adolescente do Instituto da Criança. Um alerta que vale para qualquer caso: "Compartilhando ou não da vida sexual com os pais, o importante é não vacilar, para evitar uma vida sexual de risco", diz Albertina Takiuti, ginecologista e coordenadora do Programa de Atenção Integral ao Adolescente. A insegurança pode fazer você se esquecer de tomar os cuidados necessários, como consultar o ginecologista ou usar camisinha, por exemplo. O Disk-Adolescente responde a dúvidas sobre sexo e saúde por telefone. De segunda à sexta-feira, das 11h às 14h. O telefone é (011) 870-2022. O serviço é gratuito. Texto Anterior: Ajude o amigo, mas sem recriminar Próximo Texto: Elas não falam por medo Índice |
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