São Paulo, terça-feira, 27 de agosto de 1996
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Caldas dá voz ao romantismo

SYLVIA COLOMBO
DA REDAÇÃO

O carioca Silvio Caldas tinha apenas 19 anos quando o cantor de tango Antônio Gomes o levou para cantar no rádio. Em menos de uma década ele se transformaria num dos mais famosos intérpretes de música popular brasileira. O selo Collector's acaba de lançar em CD uma série de gravações radiofônicas inéditas do cantor.
"Quando Canta o Seresteiro" reúne composições de Ary Barroso, Orestes Barbosa, Custódio Mesquita e Noel Rosa. Do próprio Caldas, apenas duas faixas: o samba "Arrependimento" (com Cristóvão de Alencar) e "Arranha-Céu" (com Orestes Barbosa).
Silvio foi um dos intérpretes da gênese da MPB. Sua voz destilou valsas, foxes, maxixes, modinhas e cantou a fusão de gêneros europeus com o ritmo afro-brasileiro. Com Francisco Alves e Orlando Silva, acompanhou o samba nos primeiros momentos e ajudou a delinear sua personalidade.
Era, talvez, o mais romântico entre os três, e algumas das canções reunidas neste disco, com acompanhamento orquestral, deixa patente essa verve lírica. "Esta Noite ou Nunca Mais", gravação inédita da música de Cristóvão de Alencar e Georges Moran, é a amostra mais significativa de que o romantismo das composições da época só parecia ter sentido em sua voz.
Uma série de encontros históricos marca a coletânea. A orquestra de Radamés Gnattali acompanha o cantor em "No Rancho Fundo" (Lamartine Babo e Ary Barroso), "Algodão" (David Nasser e Custódio Mesquita) e outras, enquanto o próprio Ary Barroso é surpreendido regendo a orquestra da rádio Tupi em "Faceira".
Descontadas as imperfeições técnicas da gravação, o CD resgata sessões de uma época em que a destreza de cantar bem ao vivo selava a sorte dos intérpretes.

Disco: Quando Canta o Seresteiro
Artista: Silvio Caldas
Preço: R$ 18, em média

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