São Paulo, quarta-feira, 28 de agosto de 1996
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Reeleição seria garantia a investidor

Emenda vira 'produto de exportação'

VALDO CRUZ; MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A reeleição de Fernando Henrique Cardoso vai virar um "produto de exportação", segundo a estratégia traçada no Palácio do Planalto.
Trata-se de "vender" a reeleição como único meio capaz de garantir a confiança duradoura de investidores estrangeiros.
O capital externo sustentaria o crescimento da economia e a geração de empregos na segunda etapa do Plano Real, que se segue à estabilização da economia.
O Planalto aposta que a reeleição é um desejo dos investidores. Em janeiro, FHC ouviu do ministro britânico da Fazenda, Kenneth Clarke, que dois mandatos consecutivos consolidariam a imagem do país no exterior e atrairiam investimentos.
O governo avalia que o debate da reeleição -ainda sem efeitos práticos- já tem conseguido aumentar a confiança externa.
Empenhado em reforçar o apoio dos investidores ao projeto de reeleição, o governo vai acelerar o programa de venda de empresas estatais e adotar medidas que reduzam os custos dos investimentos (como as obras de infra-estrutura incluídas no plano de metas).
Caminho minado
A conquista de mais quatro anos de mandato para FHC ainda é considerada uma operação de alto risco no Planalto.
O momento exato da votação no Congresso (que depende do apoio de 308 deputados e 49 senadores) só será definido quando o governo tiver segurança da vitória. O debate formal da emenda constitucional deve começar em outubro, mas há muitas dúvidas sobre a data oportuna da votação.
Junto aos investidores estrangeiros, a possibilidade de instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar o programa de socorro federal aos bancos gera inquietação.
Os conflitos de terra são outro fator de risco, segundo avaliação de interlocutores do presidente. As tensões no campo podem se converter em crise política -fatal ao projeto de reeleição.
(VALDO CRUZ e MARTA SALOMON)

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