São Paulo, quarta-feira, 28 de agosto de 1996 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Polícia diz que 3 sem-terra desapareceram
ESTANISLAU MARIA
As famílias dos sem-terra que teriam sido mortos quarta-feira passada depuseram ontem no inquérito que apura o desaparecimento de seus parentes. Segundo os depoimentos, Manuel Soares de Souza, Manuel de Jesus Gonçalves e Sebastião (só foi divulgado o prenome) não voltaram para casa, em Curionópolis, e não deram nenhuma notícia desde o último dia 20 de manhã, quando saíram para trabalhar na área invadida na fazenda São Francisco. O sem-terra Gilvan Alves da Silva, 20, disse que testemunhou as execuções dos outros sem-terra com os quais saiu de Curionópolis. Segundo Silva, pistoleiros da fazenda prenderam, espancaram e, na quarta-feira, balearam na cabeça os quatro sem-terra. Ele afirma ter conseguido fugir porque se fingiu de morto. A polícia confirma que Silva foi atendido em hospital de Marabá com sinais de um tiro de raspão na cabeça. A São Francisco também foi palco de um tiroteio entre sem-terra e funcionários da fazenda na quinta passada. Um funcionário identificado por "Goiano" morreu. Outros sem-terra também depuseram ontem, entre eles José Pereira dos Santos, conhecido como Valério, dado como desaparecido. "Houve uma confusão. Hoje o Valério apareceu e confirmamos que quem sumiu com Souza e Sebastião foi o Manuel", disse o delegado de Marabá Guilherme Tavares, que preside o inquérito. Resistência "Vamos resistir na área ocupada", afirmou o sem-terra Raimundo Alves de Souza. "Estamos esperando a situação se acalmar, mas vamos voltar. Não temos para onde ir. É a única terra que nós temos e vamos fazer de tudo para não perdê-la", disse José Norato, também sem-terra. Sete homens armados fazem a segurança da São Francisco. Texto Anterior: Conselho avalia ação Próximo Texto: Condenado ex-PM por morte no PA Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |