São Paulo, quarta-feira, 28 de agosto de 1996 |
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MEC quer sexo, tabu e ética no currículo
MARTA SALOMON
No lugar das aulas de moral e civismo, o novo currículo também vai reforçar a necessidade do comportamento ético e combater tabus e o espírito predominantemente consumista da sociedade. O MEC quer que a educação sexual, já implantada nos grandes centros urbanos do Sul e Sudeste, se dissemine por todas as regiões, sirva para reduzir a ansiedade dos jovens diante do medo de contrair Aids e ajude a diminuir as estatísticas das mães e pais precoces. A orientação sexual associada à busca do prazer é um dos temas do novo currículo preparado pelo MEC para alunos entre a 1ª e a 8ª séries. Além das disciplinas tradicionais (reavaliadas), uma nova, chamada de "convívio social e ética", ganhará espaço nas salas. Documento obtido pela Folha, com o estudo do novo currículo, diz que a política de ensino deve formar cidadãos críticos e aptos a dialogar. "É muito moderna e vai ter impacto maior nas regiões mais atrasadas", avalia o ministro Paulo Renato Souza (Educação). Embora as escolas não estejam obrigadas a adotar a proposta (com validade a partir de 97), ele confia que as novas orientações "vão se impor pela qualidade". O ministério vai ajudar as escolas, por meio de cursos, cartilhas e manuais, a reciclar e preparar os professores para as novas tarefas. Batizado de "Parâmetros Curriculares Nacionais", o documento do MEC pretende melhorar a qualidade do ensino. Partos indesejados Paulo Renato apresenta um motivo urgente para que o ensino básico oriente sexualmente os alunos: por ano, há 1 milhão de partos indesejados entre adolescentes. O crescimento no número de portadores do vírus da Aids é outro agravante. Nesse caso, o MEC orienta os professores a informar os alunos sobre os meios de prevenção da doença em vez de fazê-los temer a contaminação e discriminar aidéticos. Para o MEC, o exercício da sexualidade -"de forma responsável e prazerosa"- é fundamental no desenvolvimento das pessoas. O debate sobre sexo deve se ajustar a cada turma e poderá incluir temas como métodos contraceptivos, desejo, masturbação, iniciação sexual, transformação do corpo na puberdade e abuso sexual. Treinamento O ministro afirmou que o treinamento de professores é fundamental para que a nova política educacional dê certo. Além do programa da TV Escola -que lança mão de antenas parabólicas para a reciclagem de professores-, o ministério prepara a confecção de manuais para orientar a introdução de temas como educação sexual e ética. LEIA MAIS sobre educação na pág. 2 Texto Anterior: Associação critica idéia Próximo Texto: Estudo prevê calculadora Índice |
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