São Paulo, quarta-feira, 28 de agosto de 1996
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Itamar, Ciro e Zé Dirceu

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - Se vai dar certo, ninguém sabe. Mas é a seguinte a estratégia de Itamar Franco (sem partido), Ciro Gomes (PSDB) e José Dirceu (PT):
1) serão sempre contra a reeleição. A oposição vai ocorrer de todas as formas possíveis. Por enquanto, não haverá uma aliança formal. Apenas conversas, muitas conversas;
2) com ou sem reeleição, a trinca pensa em lançar duas candidaturas a presidente em 98. Ainda não se sabe, é óbvio, quem serão os candidatos. "A idéia é ter uma candidatura de centro e outra de esquerda. No caso de uma passar para o segundo turno, a outra daria o apoio", explica Ciro Gomes.
É isso e mais nada. E o tempo dirá se essa estratégia pode ser viabilizada na prática.
Também é improvável que todos os adversários da reeleição consigam se aproximar. Ciro Gomes diz a razão: "Eu não participo de frentes que legitimam pessoas como Paes de Andrade e José Sarney".
O problema de toda essa estratégia é que o componente principal não tem nada a ver com a aprovação da emenda da reeleição. O que importa é a situação econômica do país.
O cenário ideal para os adversários de FHC é algum tropeço na economia. O presidente teria de abandonar o plano de fazer o país crescer sem parar até 98. Viria alguma recessão. E prosperariam candidaturas de oposição. Inclusive as citadas por Ciro.
Por conta disso, o tucano Ciro Gomes continua atacando a condução da economia. "Só não faço críticas no palanque, quando estou ao lado de Tasso Jereissati, em homenagem a ele", afirma Ciro.
No mais, ainda estão valendo suas avaliações de sempre. Por exemplo: "O Plano Real tem efeitos terríveis no médio prazo. E o problema não é a equipe econômica, é o presidente".
Outra de Ciro: "A reforma ministerial que vem por aí formará o ministério da reeleição".
Por enquanto, é isso. Mais notícias da trinca virão na última semana de novembro. É quando Itamar, Ciro e Zé Dirceu se encontrarão em Fortaleza.

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