São Paulo, sexta-feira, 30 de agosto de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

BC não terá limite para trocar título da dívida externa

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A CAE (Comissão de Assuntos Econômicos do Senado) marcou para o dia 10 de setembro a votação de uma resolução autorizando o Banco Central a trocar toda a dívida externa sem limite de valor.
Os membros da comissão concluíram que seria melhor não estabelecer um limite. Avaliaram que a exigência cercearia a liberdade de operação do BC no mercado.
O BC acha que deve trocar os US$ 51,5 bilhões de títulos da dívida externa -ou parte disso- por duas razões. Para melhorar a imagem do país e para obter um ganho financeiro com os novos papéis.
A CAE concordou com os argumentos do BC, apresentados pelo diretor de Assuntos Internacionais da autarquia, Gustavo Franco. Mas estabeleceu uma forma de fiscalização inédita.
O BC será obrigado a prestar contas ao Senado das operações de troca a cada 30 dias. Se antes desse prazo houver trocas que atinjam US$ 500 milhões, o BC deverá dar explicações em um prazo de até dez dias úteis após o negócio.
Quando a CAE receber as explicações do BC, também terá um prazo de dez dias úteis para se pronunciar. Se os senadores rejeitarem a prestação de contas, fica automaticamente suspensa a autorização para novas trocas de títulos.
"A CAE passa a ter uma importância que nunca teve no Senado. O controle será total. Se rejeitarmos uma operação, significa que o Gustavo Franco cai", diz o senador Roberto Requião (PMDB-PR), relator da autorização.
Prazo
Se a CAE cumprir a sua pauta e votar a autorização no dia 10 de setembro, o tema poderá ir ao plenário do Senado imediatamente.
Como vários senadores têm interesse nas eleições municipais, é improvável que o assunto seja votado antes do final do próximo mês. Mas certamente antes do final deste ano.
Por conta dos poderes de fiscalização que a autorização dará à CAE, Requião concordou em retirar várias exigências anteriores.
Por exemplo, não vai exigir que o preço de troca dos títulos atuais seja o valor médio de mercado dos seis meses anteriores à operação. Isso passou a ser apenas uma recomendação.

Texto Anterior: Senado autoriza SP a emitir R$ 748 mi
Próximo Texto: Renúncia fiscal será de R$ 15 bi em 97
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.