São Paulo, sexta-feira, 30 de agosto de 1996
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Grupo de Erundina faz críticas à resistência de Lula

Líder entra na campanha eleitoral a contragosto

EMANUEL NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

Membros do comando da campanha de Luiza Erundina condenaram ontem a resistência de Luiz Inácio Lula da Silva em participar de atividades eleitorais do PT em São Paulo. A Folha revelou que ele participará a contragosto das atividades da campanha.
Preferindo manter o anonimato para evitar nova crise na campanha, petistas leais à candidata lembraram que comportamento semelhante de Lula ocorreu na campanha em que Erundina se elegeu prefeita de São Paulo, em 1988.
Lula e a direção do PT apoiaram a candidatura de Plínio de Arruda Sampaio na prévia. Plínio foi derrotado por Erundina. Segundo os petistas, Lula cruzou os braços.
"Quem pariu Mateus que o embale", dizia na época Lula, segundo lembraram assessores de Erundina. Lula, dizem, só se integrou à campanha a dez dias da eleição.
Na atual campanha, Lula tinha participado de algumas atividades de rua. Mas não gostou da estratégia "light" adotada pelos marketeiros da candidata, principalmente do slogan "O PT que diz sim".
Quando a campanha foi para a TV, Lula telefonou contrariado para Celso Loducca, principal marketeiro de Erundina. "Se há um PT que diz sim, vão dizer que o PT que diz não é o meu", disse.
Também havia o receio de que a presença de Lula aumentasse a rejeição a Erundina. A estratégia não deu certo, e a campanha passou a pedir a ajuda de Lula.
Regime militar
Em palestra ontem na Faculdade de Direito do Largo São Francisco, Erundina vinculou Paulo Maluf ao desaparecimento de presos políticos do regime militar.
"Quando os jovens dessa faculdade lutavam por liberdades, este prefeito aí estava construindo o cemitério de Perus para enterrar os jovens heróis do Brasil", disse.
O cemitério de Perus tornou-se conhecido por sepultar clandestinamente pessoas mortas no regime militar. Perus foi construído na primeira gestão de Maluf na prefeitura paulistana (1969-1971).
Na administração de Erundina, foram feitas escavações no cemitério. Retiraram mais de mil ossadas -cinco delas eram de desaparecidos políticos. Maluf não quis comentar a fala de Erundina.

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