São Paulo, sexta-feira, 30 de agosto de 1996 |
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Marxismo não explica o século 20, diz Ruy Fausto
FERNANDO DE BARROS E SILVA
A idéia de que a obra de Marx, embora permaneça atual como crítica do capitalismo, é insuficiente para entender o século 20 foi defendida pelo filósofo Ruy Fausto anteontem, em sua conferência na USP dentro do seminário sobre os 150 de "A Ideologia Alemã", organizado pelo Centro Acadêmico de Filosofia João Cruz Costa. Segundo Ruy Fausto, ainda existe a idéia ingênua de que atacar o capitalismo de qualquer forma significa caminhar para o socialismo. "Isso não é verdade, a história mostra que isso levou a formas novas e diferentes de opressão que é preciso entender." Seria preciso, disse Ruy Fausto, não apenas pensar o stalinismo e sociedades como a China e Cuba como novas formas de organização burocrática, mas também analisar como funcionam, no interior do capitalismo, "micromáquinas de opressão" que se dizem de esquerda e se pretendem emancipadoras. Em várias instituições de ensino que se moldaram segundo os padrões libertários da década de 60, prosseguiu Ruy Fausto na palestra, é possível ver ainda hoje essas micromáquinas opressivas funcionando. Segundo ele, elas se caracterizam "por um linguajar libertário, por um igualitarismo abstrato, por um esquerdismo difuso, pelo horror ao capitalismo e a qualquer forma de concorrência" e, no entanto, reproduzem, num universo restrito, toda forma de violência a que em tese se opõem. Texto Anterior: Em defesa das minorias sexuais e em própria defesa Próximo Texto: Os filhos de Lou Índice |
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