São Paulo, sexta-feira, 30 de agosto de 1996
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IMAGEM E FATOS

O prefeito paulistano, Paulo Maluf, desenvolve um enorme esforço para mudar a sua imagem, com o inestimável auxílio de Duda Mendonça, um grande especialista em marketing (de produtos e de pessoas, o que na política de hoje parece não fazer grande diferença).
Basta lembrar quais são os dois assuntos mais batidos na campanha do candidato malufista, Celso Pitta: o Cingapura e o PAS, ambos da área chamada social.
Antes, o prefeito acentuava, em especial, o seu caráter de "realizador de obras" e não o lado social.
Nesse esforço, Maluf chegou até a escrever um artigo para esta Folha no qual se colocava na posição de um dos campeões da luta pela democracia no Brasil, na canhestra tentativa de apagar ou reescrever seus vínculos com o regime autoritário.
O prefeito maquiou também o seu aspecto físico, tirando os óculos de grossas lentes.
Tamanho esforço está sendo recompensado pelo alto índice de intenções de votos para seu candidato.
Mas entre a imagem do "novo" malufismo e as práticas do velho, há uma razoável distância, demonstrada pelos fatos. Primeiro, esta Folha pilhou um comitê de candidatos malufistas credenciando candidatos ao projeto Cingapura. Agora, descobre-se que outro comitê distribui irregularmente carteirinhas do PAS.
Esse clientelismo desenfreado parece ser tão antigo quanto a política no Brasil. Nem por isso deixa de chocar, ainda mais por utilizar exatamente as duas "obras sociais" de Maluf, o PAS e o Cingapura.
Fica evidente que não há trabalho de marketing político capaz de conciliar a nova imagem que se pretende vender ao eleitor e as práticas, antigas, se não do prefeito, pelo menos de seus fiéis seguidores.

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