São Paulo, sexta-feira, 30 de agosto de 1996
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OXIGÊNIO, MAS SEM EUFORIA

Final de agosto, falta um mês apenas para que termine o terceiro trimestre. A economia entrará no terço final do ano, período em que são mais fortes as expectativas quanto ao movimento de festas de fim de ano.
Mas há outros motivos para esperar que, nas próximas semanas, o ambiente econômico passe por uma distensão progressiva, ainda que não necessariamente irreversível.
A começar pelas medidas anunciadas pelo governo esta semana, que melhoram as condições de crédito tanto entre o Banco Central e os bancos quanto entre as instituições financeiras e os consumidores, dando mais fôlego aos consórcios e às operações de "leasing".
A maior dificuldade, nesta área nevrálgica que é o crédito, está em distinguir entre a superação das dificuldades, ou seja, o saneamento dos problemas, penoso e lento, e o início de uma etapa, em que novos créditos são criados e a economia se recupera, começando um outro ciclo.
Provavelmente será possível perceber, nos próximos meses, a emergência gradual de uma situação em que predominam as esperanças numa retomada do consumo, em especial de bens duráveis e automóveis.
Ao mesmo tempo, as previsões apontam para uma inflação que poderá recuar para até cerca de 0,5% ao mês. Embora a inflação esteja baixa há muito tempo, quando a taxa mensal cai abaixo de 1% o cenário muda.
Afinal, isso pode significar uma alteração mais importante, em especial do ponto de vista dos investidores externos, que é alcançar-se uma inflação anual de um dígito (menos de 10%). Com inflação significativamente mais baixa, alguma queda nos juros reais é mais do que defensável.
Além do alívio gradual do aperto de crédito e da inflação declinante, é importante lembrar que as contas do governo são deficitárias. Isso é ruim do ponto de vista da consistência da política econômica. Mas, no curto prazo, significa também um fator expansionista. Sem euforia, os mercados deverão ter mais oxigênio.

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