São Paulo, sexta-feira, 30 de agosto de 1996
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Estratégia tucana

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - Os tucanos pensaram rapidamente numa fórmula para combater a estratégia de Paulo Maluf. O prefeito paulistano, como se sabe, capitulou diante da tese da reeleição. Só vai acusar o governo FHC de fisiologismo.
A contrapartida tucana será baseada em construir um marketing específico para a reeleição.
A idéia é buscar argumentos para justificar que a reeleição seria a melhor saída para o país. E que a estabilidade econômica depende da possibilidade de continuação do projeto político dos atuais detentores do poder.
Isso para consumo externo. Internamente, a avaliação é que aprovar a reeleição estaria virando mamão com açúcar. Sempre, é claro, na visão tucana de mundo.
Uma das razões para a euforia tucana foi a pesquisa nacional do Ibope/MCI divulgada ontem pelos jornais. Se a reeleição de FHC fosse hoje, o presidente teria 41% dos votos contra apenas 18% de Lula. Maluf e Sarney empatariam com 11% cada.
Esse resultado inflou as mentes governistas. Exemplo de frase ouvida de um tucano de carteirinha:
"A pesquisa foi realizada num momento em que estamos sendo malhados em todos os municípios pelos candidatos de oposição. Depois do período eleitoral, a aprovação vai subir mais".
Por conta de todo esse otimismo, os tucanos acham que vai ser fácil aliciar deputados e senadores para aprovar a emenda da reeleição.
O raciocínio é que existiriam hoje apenas três grandes projetos políticos no país. O de FHC, o de Maluf e um outro ainda indefinido reunindo o centro e as esquerdas.
O centro e as esquerdas não teriam nada a oferecer. Maluf poderia ofertar alguma coisa, mas seu futuro é incerto. Pelos cálculos tucanos, portanto, FHC seria o barco preferido de deputados e senadores na hora de votar a emenda da reeleição.
Nesse cálculo, entretanto, os tucanos evitam dizer uma coisa: qual será a oferta de FHC aos parlamentares, além do seu programa de governo.

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