São Paulo, domingo, 1 de setembro de 1996
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'A história do meu poder sobrenatural é lenda'

Bob Wollheim (publicitário): Bom dia. Já estamos a postos. Me avisem quando podemos começar. Bom "bate-papo" a todos!
Geraldo da Rocha Azevedo (empresário e publicitário): Bom dia a todos. Permaneço no aguardo do nosso convidado do dia.
Ricardo Corte Real (apresentador e músico) fala para Geraldo R. Azevedo: É você mesmo, Geraldo?
Geraldo R. Azevedo surpreende-se com Ricardo Corte Real: É claro que sou eu.
Bob Wollheim fala para Geraldo: Mandar a secretária para o chat não vale!!
Geraldo R. Azevedo: Acredito que estamos em véspera de um minicomício.
Paula Schmitt (jornalista): Bom dia para todos. Estou um pouco constrangida porque o candidato está atrasado. Vamos aguardar mais um pouco, por favor... Ops! Ele chegou!
Francisco Rossi: Gostaria de saudar a todos e me colocar à disposição para responder suas perguntas.
Bob Wollheim: Gostaria de lançar uma primeira pergunta para nosso convidado. Quando São Paulo ganhou mais: com Maluf prefeito ou com Erundina prefeita?
Francisco Rossi: Quando olho para as pessoas prefiro ver muito mais os aspectos positivos do que os negativos, e sem entrar nos aspectos negativos da Luiza Erundina e do Maluf, eu prefiro ver que houve intenção da Luiza Erundina em cuidar do lado social da cidade. Porém ela ficou muito mais na vontade do que na realização. Como exemplo eu diria que São Paulo tem 500 mil crianças necessitando de creche. E haveria a necessidade de pelo menos 5.000 creches. São Paulo possui apenas 300 creches, o que evidencia que muito pouco se fez pelo social em todas as administrações que passaram. Quanto ao Maluf, embora seja um homem que procurou fazer um grande volume de obras, acabou pecando pelo custo dessas obras, 70% mais caras.
Henry Sobel (rabino): O prefeito Maluf assinou recentemente um decreto proibindo a exibição de outdoors que atentem contra a moral, os bons costumes e a dignidade da família. Se o senhor fosse prefeito de São Paulo teria feito o mesmo?
Francisco Rossi: Tudo o que visa preservar a moral da família deve ser aprovado. Eu sou contra a propaganda que atente contra a moral e os bons costumes. Acho esses outdoors de um tremendo mau gosto.
Ricardo Corte Real: É verdade que o senhor tem poderes sobrenaturais? Nesse caso, onde o senhor utilizaria esses poderes se eleito prefeito de São Paulo?
Bob Wollheim: Os poderes não serviriam também para a própria eleição?
Francisco Rossi: Essa história de poder sobrenatural foi uma lenda criada pelos meus adversários com o objetivo de denegrir a minha imagem. Essa é uma das muitas histórias criadas por marketeiros adversários e que fica por conta do folclore político de SP e do Brasil. Somente Deus é poder e tem a capacidade de realizar milagres. Como cristão, eu me submeto inteiramente a essa verdade.
Marcio T. Bastos (advogado): Na eleição de 1994 o senhor dizia que não tinha programa e que precisava fechar o Estado para balanço. Agora, em 1996, qual é o seu programa?
Francisco Rossi: Eu tinha um plano de metas porque tinha plena consciência que um programa de governo significaria um elenco de promessas que não poderiam ser cumpridas. Porque eu sabia que o Estado estava falido. Ou seja, um programa de governo seria um "promessão". Embora a dívida da prefeitura seja muito preocupante, ela tem um perfil muito diverso da dívida do Estado - três orçamentos seriam insuficientes para pagar as dívidas de curto, médio e longo prazo. Ao passo que a dívida da prefeitura equivale a menos de um orçamento. Hoje apresento-me com um programa que é o melhor de todos os candidatos.
Geraldo R. Azevedo: Sr. Francisco Rossi, li que a idéia do projeto Cingapura é de sua autoria. Como se explica o fato de ela estar sendo apresentada como de autoria do Maluf?
Bob Wollheim: O Cingapura é mais marketing que realidade?
Ricardo Corte Real: O Cingapura não é marketing, e sim meio -é o primeiro outdoor tri dimensional e virtual do Maluf.
Francisco Rossi: Quando prefeito eu mostrava esse projeto todos os sábados em um programa da TV Gazeta, às 23h30, "Francisco Rossi e Você". Eu não tenho a menor dúvida de que o Paulo Maluf era meu telespectador assíduo, e o fato de ele não fazer referência a mim e a Osasco não me aborrece. O importante não é quem fez, o importante é que se faça. A bem da verdade, o Maluf fez muito pouco até agora, apenas 3.000 unidades, quando deveria ter feito 40 mil por ano. É o que eu vou fazer como prefeito.
Geraldo R. Azevedo: O senhor prometeu renunciar em 180 dias (caso eleito) se o problema do menor não for resolvido. Como o senhor espera tirar os menores das ruas em tão pouco tempo?
Francisco Rossi: Eu entendo que esse é um problema tão simples de ser resolvido que eu dei o prazo de seis meses para não parecer exagerado se desse um prazo menor. Nas duas vezes em que fui prefeito de Osasco, resolvi esse problema com a participação da sociedade civil. Quem apostar na minha vitória, votando no meu nome, vai ver que isso é plenamente possível. Tenho certeza que o que fizermos aqui na área da criança repercutirá no Brasil. São apenas 3.000 crianças. O que falta aos governos é vontade política e vergonha na cara.
Henry Sobel: Conhecemos e respeitamos suas crenças religiosas. O que mudaria na Prefeitura de São Paulo tendo à frente um evangélico praticante?
Francisco Rossi: Quero crer que a mudança não seria pelo fato de ser um evangélico praticante. Até porque meu compromisso não é com a igreja. O meu compromisso é com um Deus vivo que me faz ver que um centavo que se roube dos cofres públicos faz a diferença entre a vida e a morte de uma criança.
Bob Wollheim: Na eleição passada a Bíblia era uma constante na sua campanha. Hoje já não é tanto. O marketing religioso não funciona?
Francisco Rossi: A Bíblia apareceu por dois segundos em uma vinheta que fiz, e assim mesmo incidentalmente. Conversando e brincando com as pessoas no estúdio, eu peguei a Bíblia e disse: "Esta é minha espada". O produtor da vinheta, o Serres, gostou da cena e a aproveitou na vinheta.
Francisco Rossi: O meu abraço fraterno a todos, e gostei muito dessa conversa via Internet. Obrigado!
Bob Wollheim: Já acabou? Agora que estava esquentando. Não desliguem, por favor!!!

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