São Paulo, domingo, 1 de setembro de 1996
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Grupo de Minas enfrenta a concorrência de chineses

Coteminas é comandado no dia-a-dia por empresário de 32 anos

CÉLIA DE GOUVÊA FRANCO
DA REPORTAGEM LOCAL

Quando tinha apenas oito anos, Josué Gomes da Silva, um mineiro nascido em Ubá, recebeu do pai o que considera uma das lições mais importantes da sua vida: aprendeu a "ler" um balanço de empresa.
Na adolescência, já acompanhava o pai em reuniões de negócios e passava dois os três meses de férias por ano fazendo estágios nas fábricas de tecidos do grupo Coteminas, instaladas na região da Sudene e controladas por sua família.
Em 1989, depois de voltar de um curso de mestrado nos EUA, passou a se ocupar das áreas administrativa e financeira do grupo.
Hoje, aos 32 anos, com os cargos de vice-presidente e superintendente-geral, é ele quem toca o dia-a-dia das empresas da família. Nos últimos anos, seu pai se dedicou mais a outras atividades, como a presidência, por dois mandatos seguidos, da Fiemg (a federação das indústrias mineiras) e a candidatura ao governo de Minas.
Pouco conhecido do grande público, mas recomendado pelos especialistas do mercado financeiro, o grupo Coteminas, que começou a operar em 1975, só ganhou maior destaque na mídia nos últimos meses com a divulgação de que sua fábrica de São Gonçalo do Amarante (RN), inaugurada no início do ano, produz camisetas por um preço inferior ao cobrado pelos fabricantes chineses.
Também chama atenção o crescimento acelerado do grupo: este ano, o faturamento deve chegar a aproximadamente R$ 250 milhões, com aumento de 25% em relação a 95. Tudo isso sem que a empresa se endividasse pesadamente.
Josué Gomes da Silva acha que boa parte do crédito para a expansão recente se deve mesmo ao pai, apesar da sua ausência no cotidiano do grupo.
Foi o pai que decidiu, exemplifica ele, que a Coteminas deveria investir permanentemente em tecnologia e treinamento, o que serviu de base para expansão.
Mérito seu teria sido o reconhecimento de que, com a abertura do mercado brasileiro, a empresa precisaria crescer e muito para se manter competitiva. "A indústria têxtil precisa ter economia de escala para manter os preços baixos."
Em 91, o grupo tinha capacidade para fabricar 100 milhões de metros de tecidos para lençóis de cama de casal, seu principal produto (a empresa não fabrica os lençóis, mas vende para quem os produz). Ao final deste ano, terá condições de fabricar 385 milhões de metros.

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