São Paulo, domingo, 1 de setembro de 1996
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CRACK

A situação não poderia ser mais perversa. Enquanto alguns especialistas travam debate sobre a liberação de drogas para adultos, é consenso entre todos que elas não devem ser consumidas na infância. No centro de São Paulo, contudo, o que se observa são justamente crianças fumando pedras de crack desde o despertar até a hora de dormir.
A polícia assiste inerte a esse dantesco espetáculo. Alegando falta de pessoal, o consumo de uma droga tão nefanda quanto o crack é como que tolerado. A situação fica ainda mais grave quando se considera que o crack -diferentemente de outras drogas cuja dependência leva anos para se instalar- vicia depois de algumas poucas vezes de uso.
Essas crianças passam assim a viver exclusivamente em função de seu vício, não hesitando em roubar ou até mesmo matar para sustentar a sua dependência. A própria polícia estima que 40% das chacinas ocorridas na Grande São Paulo estejam de alguma forma ligadas ao tráfico de drogas, principalmente o crack.
E é extremamente doloroso que as autoridades assistam passivamente à destruição de crianças que não têm nem mesmo condições de julgar o que é melhor ou pior para elas.

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