São Paulo, domingo, 1 de setembro de 1996 |
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Quem entende o povo?
CLÓVIS ROSSI São Paulo - O editorial ao lado faz todas as ressalvas cabíveis a respeito da pesquisa sobre intenção de voto para a Presidência, o que me permite endossá-las e passar ao largo.Direto ao assunto, portanto: a grande surpresa é o resultado obtido por Luiz Inácio Lula da Silva (PT), empatado no primeiro lugar com Paulo Maluf (PPB) e com o presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Dos três, Lula foi o único que caiu na clandestinidade, desde a eleição presidencial de 1994. Sumiu do mapa e, por extensão, da mídia. FHC, como presidente, está superexposto e Maluf, em plena campanha eleitoral municipal, aparece várias vezes ao dia na TV. Por isso, 12 pontos percentuais dos 19 que Maluf obteve se devem a São Paulo (a pesquisa foi feita exclusivamente na capital). Lula nem sequer pôde se beneficiar de boas notícias a respeito do PT, mergulhado em conflitos internos. O contraponto do resultado do líder petista é o desempenho relativamente fraco do presidente Fernando Henrique Cardoso. Para quem se elegeu já no primeiro turno (portanto, com a maioria absoluta dos votos), impressiona a queda a 18%. É verdade que FHC, hoje, nem poderia ser candidato porque a Constituição veda a reeleição. É justo, por isso, somar aos 18% do presidente os 7% de dois outros tucanos da pesquisa (Tasso Jereissati e Ciro Gomes). Já dá 25%. Melhora só um pouco. Ainda mais se se considerar que a inflação está controlada desde pouco antes da eleição e a economia, se não vive um momento de esplendor, tampouco é um desastre. Parte da surpresa em relação aos números de Lula vale para o ex-presidente José Sarney. Saiu da Presidência com índices incríveis de impopularidade e se recuperou parcialmente sem uma, digamos, obra que explicasse o fato. Tudo somado fica evidente como é difícil sondar ou antecipar os humores do eleitorado. Texto Anterior: CRACK Próximo Texto: Maluf ataca FHC Índice |
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