São Paulo, domingo, 1 de setembro de 1996
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Atrizes exibem seus dotes para consagrar estilistas na passarela

MARIANA SCALZO
DA REPORTAGEM LOCAL

As passarelas do mundo da moda nacional foi invadido por atrizes. Estilistas e produtores em busca de diversão, glamour ou repercussão na mídia convocam artistas consagrados pelo público para exibir seus talentos em seus desfiles.
"Acho bacana colocar atrizes, mas tem de ser pertinente com a personalidade, por que elas não são modelos", diz Paulo Borges, 34, que comandou a série de desfiles do Morumbi Fashion em São Paulo.
"É uma faca de dois gumes. Pode ficar inadequado. A performance da Vera Fischer no desfile da Forum foi superdiscutida. Atingiu o objetivo da divulgação", completa.
O estilista Ocimar Versolato, que se divide entre as criações para a maison francesa Lanvin e sua própria grife, está preparando um desfile para a primeira semana de dezembro em São Paulo só com atrizes.
"Uma atriz no desfile sempre dá gancho para mídia", diz Fause Haten, estilista da Der Haten.
Fernanda Torres já fez quatro desfiles e até brinca: "Vou virar manequim profissional." "Os convites sempre vieram por amigos. Os desfiles estavam começando, então participei. É superanimado. O desfile do Versolato no fim do ano vai ser hilariante."
Ela não esconde que teve dificuldades. "A primeira vez, em um desfile do Walter Rodrigues, errei feio, fiquei deslumbrada. Ri demais, paguei o maior mico."
Luiz Fernando Guimarães, 44, contabiliza duas participações em passarelas e não vê problemas em dar uma de modelo.
"Sou ator. E ator vira tudo, no que diz respeito às atividades artísticas. Entro lá e dou uma passeada, não sei bem como é."
Espaço
As modelos também não vêem problemas em dividir as passarelas com atores.
Cynthia Benini, 23, desfilou para o estilista Walter Rodrigues ao lado de Fernanda Torres.
"Não tem problema algum. É interessante dentro do contexto. Atores podem interpretar papéis. Vejo como aprendizado. Essa história de tomar espaço é bobagem", diz.
Karen Bessa, 17, que fez desfiles para as confecções G e Reinaldo Lourenço, concorda: "Os estilistas criam coisas especiais. Chamam os atores para ser uma atração a mais."
"Colocar uma roupa e desfilar é um sonho de adolescente. Na primeira vez me senti no 'Boa Noite Cinderela'. Faço por que acho bacana, sei que não vou virar uma top model internacional", diz Fernanda.
Betty Lago, modelo que fez o caminho inverso -das passarelas para a TV-, acha "legal a presença dos atores. Afinal, ninguém rouba o lugar de ninguém. Quando fui para a TV não fui criticada. Ninguém me falou 'volte para a passarela'."
Mercado
Percebendo o filão, as grandes agências de modelos do país desenvolvem um departamento especial para cuidar de seus modelos/atores.
A Elite Models tem em seu cast nomes como Betty Lago, Silvia Pfeifer, Claudia Liz, Isabel Fillardis, Ana Paula Arósio, Georgia Wortman, Luciana Vendramini e Márcio Garcia.
"Tem toda a diferença do mundo entre trabalhar com uma modelo e com uma atriz. A modelo tem a preocupação fashion e, dependendo de seu estilo, ela é mais elitizada. Atriz tem mais contato com o público", explica Marco Aurélio de Carvalho garcia, diretor da Elite.
"Há 9 meses criamos o departamento para gerenciamento de carreiras. Ele zela e administra a vida desses profissionais. Cuida da imagem, estuda projetos e contratos", diz Carvalho.
"Fomos buscar essa filosofia nos grandes escritórios norte-americanos", completa.
Para Lica Kohlrausch, proprietária da L'Equipe -que trabalha a imagem de Ricardo Macchi, Nico Puig, Daniela Camargo e Felipe Folgosi- "se um personagem deu certo na TV, o ator é valorizado no mercado. As agências vão voltar a ser agentes de atores."

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