São Paulo, quarta-feira, 4 de setembro de 1996
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Vicentinho chama FHC de "burro"

ABNOR GONDIM
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, disse ontem, em Brasília, que o presidente Fernando Henrique Cardoso "é burro".
"Como o presidente da República é burro, ele não fará a reforma agrária. Até por vaidade pessoal, ele iria passar para história como um grande estadista", afirmou o sindicalista.
O porta-voz da Presidência, Sergio Amaral, se negou a comentar a declaração de Vicentinho pelo fato de o presidente estar fora do país.
Até o fechamento desta edição, FHC, que está em Cochabamba (Bolívia), não havia se manifestado sobre a agressão verbal.
FHC e empresários
Vicentinho criticou o presidente e o ministro Raul Jungmann (Política Fundiária) ao visitar na Esplanada dos Ministérios o acampamento do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
"Quando vem um empresário aqui, o FHC sai do palácio e vai a um hotel de luxo dizer coisas bonitas, e vocês vêm aqui de jumento, de ônibus, a pé, e ninguém os recebe. Tem que receber", disse.
O presidente da CUT se referiu ao fato de o ministro Jungmann ter suspendido as negociações com o MST enquanto houver ocupações de prédios públicos, como ocorreu nesta semana em São Paulo na delegacia do Ministério da Fazenda.
Sem rabo preso
Perguntado se o fato de ter chamado o presidente de burro não inviabilizaria o diálogo entre o governo e os sem-terra, Vicentinho disse que "o presidente não é inteligente".
O sindicalista disse ter ouvido de FHC a declaração de que a reforma agrária não gera empregos, como ocorreu na Europa. "O governo está escolhendo o MST como inimigo", disse o sindicalista.
Sem preocupação com o efeito de suas declarações, Vicentinho afirmou que iria tentar ainda ontem um contato com o ministro Jungmann para a retomada das negociações com o MST.
"O que eu digo aqui eu digo lá para eles. A CUT não tem rabo preso e acha que ficar calado não avança a luta", afirmou.
Líderes dos sem-terra tiveram reunião ontem com a secretária-executiva do Programa Comunidade Solidária, Anna Peliano, para obter alimentação para os acampamentos dos sem-terra.

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