São Paulo, quarta-feira, 4 de setembro de 1996
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Artista despreza brasilidade rançosa

PEDRO ALEXANDRE SANCHES
DO ENVIADO ESPECIAL

É Lulu quem afirma, em sua recém-aberta página na Internet (http://www.lulusantos.com.br): "Anti Ciclone Tropical" é seu melhor disco. Problema é o tempo que demorou até que acontecesse -e tudo que houve até então.
Como acreditar, quando Lulu faz um baita disco de negão, que Lulu -que já navegou os sete mares, sempre na crista da onda do mercado- é negão?
Às vezes não dá. Que o digam a fake "Assaltaram a Gramática 2" (fake na matriz e hoje com o superfake Gabriel o Pensador), a overbatida "Dancin' Days" e o aborrecimento ambiental "Chac" (épico tribal/futurista da família de "Cyberia", do disco anterior), e as batidas à Olodum (blergh) insinuadas em "Demorou".
Mas, no mais, acaba convencendo, e bem. Lulu vem negão em "Cadê Você?", parceria com Alvin L., em que prova que tem suíngue. E em "Vai Entender", mix de Cassiano, Hyldon (está na moda...), Black Rio, charme e Fernanda Abreu. E na descaradamente Tim Maia "Aviso aos Navegantes". E na assumidamente Jorge Ben "Quero Minha Mãe".
Ainda na crista da onda, desta vez Lulu acabou na contracorrente. Desprezando o brasileirismo vulgar que assola o pop de cá (vide Paralamas e Skank, argh), fez um disco de negão que "Eu e Memê" não fazia suspeitar, bem batuta até em muitos momentos.
Sem o compromisso da brasilidade rançosa, até "Pipoca à Meia-Noite", um sambinha de Jorge Mautner, coube sem traumatismos. E viva o funk. E pena que ele não é negão.
(PAS)

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