São Paulo, quarta-feira, 4 de setembro de 1996
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Chico César celebra disco de ouro em SP

PAULO VIEIRA
EDITOR-ADJUNTO DA ILUSTRADA

O cantor Chico César, 32, foi o centro de uma festinha ocorrida anteontem num hotel de São Paulo. Ele acaba de ganhar disco de ouro (100 mil cópias vendidas) por "Cuscuz Clã", seu segundo CD. A partir de sexta, sobe ao palco do Palace para mostrar seu show, que está atravessando as cinco regiões do Brasil. Nele, contará com a colaboração de Naná Vasconcelos e o grupo de atores mirins "Carroça de Mamulengos".
A recente gravação de "À Primeira Vista" por Daniela Mercury valeu-lhe um posto privilegiado. A música tornou-se uma das campeãs de execução no país. "Ainda não recebi direitos autorais, mas já estou me estruturando. Tenho agora uma editora", disse à Folha em seu apartamento ontem.
Chico parece acostumado à sua nova dimensão. "Há um ano tocava em palcos pequenos, como no bar Bambu, com som ruim. Houve ocasiões que o Teatro Hall era grande demais para mim. Todas as bandas que admiramos como Beatles e os Rolling Stones começaram em locais pequenos.".
A frase pode parecer pernóstica, mas Chico não cabe nesse figurino. "Eu ficava vendo grupos de pagode tocando no Olympia, leilões de gado no Palace e pensava que eu poderia também estar nesses lugares." Paraibano, Chico fez questão de iniciar o giro nordestino da tour em sua Catolé do Rocha natal. "A cidade ficou em polvorosa. Lembrei-me de um show do Zé Ramalho que assisti em Brejo do Cruz, cidade dele, em cima de um pé de algaroba".
Se não chegasse ao grande público, Chico garante que iria continuar seu trabalho de músico. "Quanto você valoriza muito o sucesso, você atropela seu próprio processo. São legais os momentos em que fiz shows para cinco pessoas. Isso foi há um ano, um ano e pouquinho." Agora, é parado na rua para explicar quem é Salif Keita -atração africana do próximo Free Jazz-, que cita em "À Primeira Vista". "Vieram me dizer que finalmente alguém conseguiu pronunciar o símbolo do Prince."
O fato de ter sido gravado por cantoras como Maria Bethânia, Zizi Possi e Daniela Mercury ainda não o convenceu de sua faceta de compositor. "O Chico compositor foi lançado pelo Chico intérprete". Mesmo assim, revela ter dado a música "Vazio", uma balada, que Simony (ex-Trem da Alegria) transformou em reggae. Chico é compositor prolífico e diz que poderia gravar ainda outros seis discos, com as 150 músicas que diz ter prontas. Mas não se considera capaz de gravar alguns de seus ídolos, como Caetano Veloso. "Se uma música dele já foi gravada por ele próprio e pela Gal, as possibilidades já estão praticamente esgotadas". De autores do alheio, refez "Cara de Índio", para o songbook de Djavan.
Chico espera que a abertura que conseguiu para sua música sirva para outros companheiros. "Considero Itamar Assumpção, por exemplo, o cantor mais pop do Brasil".

Show: Chico César (com participação de Naná Vasconcelos)
Onde: Palace (av. dos Jamaris, 213, Moema, tel. 531-4900)
Quando: a partir de sexta (6), 22h
Quanto: R$ 20 a R$ 40

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