São Paulo, quarta-feira, 4 de setembro de 1996 |
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EUA atacam o Iraque com mísseis e deixam 5 mortos
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
O presidente Bill Clinton anunciou o ataque de manhã em discurso pela televisão. Disse que essa era a "resposta forte" exigida pela ocupação, sábado, por tropas iraquianas, da cidade curda de Arbil, no norte do Iraque. Segundo porta-vozes militares do Iraque e dos EUA, cinco pessoas morreram e 19 ficaram feridas no ataque. O presidente do Iraque, Saddam Hussein, afirmou que "boa parte" dos mísseis foi derrubada pela sua defesa. O Pentágono, comando das Forças Armadas dos EUA, disse que a missão foi "bem-sucedida", mas não detalhou quantos mísseis atingiram os alvos, que incluíam radares, centros de comunicação e bases de mísseis. O objetivo militar da missão foi neutralizar a defesa aérea iraquiana. Dois aviões B-52 lançaram 13 mísseis AGM-86, e dois navios no golfo Pérsico lançaram 14 mísseis Tomahawk contra os alvos. A emissora estatal de TV do Iraque mostrou imagens de uma casa de civis, segundo ela destruída por um dos mísseis norte-americanos. Apenas quatro aliados tradicionais dos EUA, Reino Unido, Alemanha, Japão e Canadá, e o Kuait aplaudiram a missão de ontem. China, Rússia e a maioria dos países árabes condenaram a ação. Clinton determinou também a ampliação da zona do sul do Iraque onde os aviões iraquianos não podem voar. Ela agora se estende da fronteira com o Kuait aos subúrbios de Bagdá (capital). Saddam afirmou, no discurso em que comunicou o ataque aos iraquianos, que seus militares não devem mais obedecer às zonas de exclusão aérea no sul e no norte do país, estabelecidas por EUA, Reino Unido e França em 1992. O secretário da Defesa dos EUA, William Perry, ameaçou o Iraque com novos ataques se não houver evidências de que suas tropas deixaram a cidade de Arbil ou se novas "provocações" ocorrerem. O candidato da oposição à Presidência dos EUA, Bob Dole, evitou criticar o governo ontem. Mas diversos de seus aliados no Congresso responsabilizaram Clinton por não ter percebido em tempo o agravamento da crise curda no Iraque e não a ter evitado. Os curdos são uma minoria étnica no Iraque (15% da população de cerca de 20 milhões de pessoas). Em março de 1991, logo após a Guerra do Golfo, os curdos tomaram várias cidades no norte do país em revolta contra Saddam. A rebelião foi esmagada pelo governo iraquiano. A ONU manifestou preocupação quanto ao futuro dos curdos. EUA, Reino Unido e França estabeleceram uma zona de segurança para a minoria. Um dos dois principais partidos políticos curdos, o Democrático, aliou-se a Saddam, que mandou na semana passada tropas para ajudá-lo a controlar Arbil. O Conselho de Segurança da ONU estava reunido ontem à noite para discutir a crise iraquiana. Texto Anterior: Ieltsin apóia plano de paz, diz premiê Próximo Texto: Guerra de 1991 custou poucas baixas americanas Índice |
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