São Paulo, quinta-feira, 5 de setembro de 1996
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FHC lança a "terceira obra do século"

MARTA SALOMON
DA ENVIADA ESPECIAL A COCHABAMBA (BOLÍVIA)

O presidente Fernando Henrique Cardoso classificou como a terceira maior obra do século o gasoduto para fornecimento de gás natural boliviano ao Brasil.
As duas primeiras, segundo o presidente, seriam o gasoduto do Alasca e o que liga a Rússia à Europa Ocidental.
O contrato foi assinado ontem depois de décadas de negociações. Essa é uma das obras que Fernando Henrique quer inaugurar até o final do mandato.
A construção da primeira parte do gasoduto (entre Santa Cruz e Campinas, em São Paulo) deverá durar 28 meses.
Prioridade
Além de São Paulo, o gasoduto vai levar gás da Bolívia aos Estados do Paraná, de Santa Catarina, do Rio Grande do Sul e do Mato Grosso do Sul.
O gasoduto é uma das 42 obras listadas entre as prioridades do governo federal. Ele deverá consumir R$ 1,4 bilhão até o início do fornecimento de gás natural ao Brasil, em 1998.
A obra completa está orçada em R$ 1,8 bilhão.
Nos primeiros sete anos do contrato de fornecimento, a Petrobrás já se comprometeu a comprar da Bolívia 8 milhões de metros cúbicos de gás natural por ano, bem acima do consumo atual da indústria brasileira.
Depois desses sete anos, até o 20º ano de contrato, o fornecimento vai ser dobrado.
"É verdade que não existe tradição de consumo de gás no Brasil, o que é uma distorção", afirmou Fernando Henrique Cardoso durante a solenidade.
"Multimilionário"
O presidente defendeu a adesão à nova forma de energia, que é considerada menos poluente e mais barata. "A demanda de energia é crescente, e esse gás é essencial", afirmou FHC.
Os bolivianos comemoram o acerto com o governo brasileiro como o negócio do século. A Bolívia espera um aumento de 2% do seu Produto Interno Bruto.
O presidente Gonzalo Sanches de Lozada contou até piada durante a solenidade.
Ele disse que, antigamente, quando um geólogo descobria um poço de gás na Bolívia, fechava-se o poço e matava-se o geólogo. "Agora, todo mundo vai querer perfurar poços aqui", disse Sanches de Lozada.
Erro
As negociações concluídas ontem entre Brasil e Bolívia começaram nos anos 50.
Talvez por isso, o prospecto preparado pelo Ministério de Desenvolvimento Econômico da Bolívia sobre a obra aponte o Rio de Janeiro como a capital do Brasil.

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