São Paulo, quinta-feira, 5 de setembro de 1996
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Uso de remédios pode afetar a libido

Drogas não empolgam especialistas

ANDRÉ FONTENELLE
DA REPORTAGEM LOCAL

Os novos remédios empregados nos últimos anos para tratar o crescimento benigno da próstata nem sempre substituem a cirurgia, e alguns deles podem provocar perda do interesse sexual.
A avaliação é de especialistas brasileiros ouvidos pela Folha. Eles já vêm empregando esses medicamentos há cinco anos.
Cerca de 50% dos homens acima de 50 anos têm algum grau de hiperplasia prostática benigna, crescimento da próstata que dificulta a micção.
A saída mais comum para o problema -que não tem relação com o câncer da próstata- é a cirurgia.
Os novos medicamentos são de dois tipos: os que fazem a próstata encolher (Proscar, do laboratório Merck) e os alfabloqueadores, que reduzem a pressão da próstata sobre a uretra (Carduran, da Pfizer, e Hytrin, da Abbott).
Segundo os especialistas brasileiros, eles são úteis em casos pequenos e em pacientes para os quais, por idade avançada ou problemas cardíacos, a cirurgia é arriscada.
"São produtos ministrados para postergar um pouco a cirurgia, mas não a substituem", afirma Afiz Sadi, professor de urologia na Escola Paulista de Medicina.
"Com o Proscar, houve uma queda brutal no número de cirurgias. Mas, depois, houve até mais cirurgias que o esperado, porque os casos foram represados", diz Miguel Srougi, professor na mesma escola.
"Esses medicamentos são úteis quando o indivíduo não tem uma indicação cirúrgica formal, mas tem uma alteração significativa na qualidade de vida", declara Sami Arap, 62, professor e chefe da Divisão de Clínica Urológica do Hospital das Clínicas.
Segundo o professor Arap, novos tratamentos, mais simples que a cirurgia, estão sendo testados.
Os especialistas concordam que o Proscar provoca diminuição da libido -em 30% dos casos, segundo o professor Sadi. O efeito dos alfabloqueadores sobre o desejo sexual ainda é discutido, mas seria menor.

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