São Paulo, quinta-feira, 5 de setembro de 1996
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"Amor e Outras Catástrofes" é revelação

AMIR LABAKI
ENVIADO ESPECIAL A VENEZA

Guarde o nome: Emma-Kate Croghan, 24, australiana. O filme: "Amor e Outras Catástrofes", exibido na mostra paralela "Janela sobre a Imagem". É a revelação deste impressionante Veneza 96.
A moça vai longe. Acaba de ser incluída pela revista "Variety" na lista das cinquenta novas promessas de 1996.
Nada mais justo: "Amor e Outras Catástrofes", seu filme de estréia, é uma espécie de "Trainspotting" ao reverso. A energia é a mesma, mas o ceticismo se torna fé (laica) e a droga chama-se, acredite, amor.
"Amor e Outras Catástrofes" conta a história do encontro de cinco estudantes universitários. Mia (Frances O'Connor) e Alice (Alice Garner) moram no apartamento e procuram alguém para dividir o aluguel. Mia acaba de vetar a vinda de Danni (Radha Mitchell), sua rica namorada.
Alice ainda procura o namorado ideal, que siga seu modelo: honesto, canhoto, amante dos mesmos filmes. Há três anos não desiste de tentar. A lésbica (nada estereotipada, bravo) é Mia, mas é Alice que prepara tese sobre "Doris Day como Guerreira Feminista".
Os rapazes são polares: Michael (Matt Day) é um tímido estudante de medicina que procura casa e se apaixona por Alice. Ari (Matthew Dyktynsky) é o Warren Beatty do campus, sustenta-se com alguns programas e acaba conquistando Alice sem fazer força.
Os encontros e desencontros de um dia na faculdade são resolvidos numa grande festa na casa das meninas. Tudo lembra muito "Vida de Solteiro" (1993), com uma dose maior de humor.
Emma-Kate Croghan fez dois curtas de sucesso e um documentário antes de apostar na estréia em longa. Para dar o salto, acreditou num projeto de geração, montando uma equipe de estreantes como ela. Venceu a aposta.
Ela provavelmente não tem mais talento que um punhado de revelações brasileiras recentes. Diferencia-a a ousadia, menos estética que pessoal. Para sua estréia, fez um retrato vivo e terno de sua geração.
"Queríamos fazer um filme que combinasse nosso amor ao cinema e à cultura popular com uma história sobre ser jovem, apaixonado e confuso", disse Croghan.
"Começamos a filmar com muita esperança, pouco dinheiro e uma vaga memória de uma palavras de Coppola: 'O melhor caminho para fazer um filme é simplesmente começar a fazê-lo' ".
Não se trata de fórmula, como já tentam mundo afora, Brasil inclusive, macaquear "El Mariachi", mas que fique o exemplo. "Amor e Outras Catástrofes" é um filme quente, em muitos sentidos.

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