São Paulo, quinta-feira, 5 de setembro de 1996
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São Paulo precisa de José Serra

EMERSON KAPAZ

A cidade de São Paulo precisa de um prefeito que esteja à altura de suas particularidades, de suas exigências e, principalmente, de sua grandeza.
São Paulo precisa de um prefeito sintonizado com as mudanças irreversíveis que estão e continuarão ocorrendo pelo processo da globalização da economia, mas que, ao mesmo tempo, tenha sensibilidade e conhecimento para agir de forma local, valorizando o povo desta terra. O prefeito de que São Paulo precisa tem que ter sólida formação acadêmica, atuação pública consolidada e um passado político que o credencie para dirigir a maior cidade da América do Sul. José Serra é este homem.
O programa de governo de Serra não dá margem a interpretações ambíguas nem faz promessas oportunistas e irreais. Ele é consistente e propõe saídas e soluções perfeitamente viáveis, não só para os problemas mais urgentes da cidade, como também viabiliza a construção de seu futuro. Bom senso, visão social e uma enorme obstinação são qualidades que se somam à experiência do político de reputação ilibada, cuja história de luta já está definitivamente ligada ao capítulo da restauração da democracia deste país.
São Paulo precisa de José Serra porque só ele será capaz de articular uma relação sólida e duradoura com os governos estadual e federal, trazendo para a cidade benefícios permanentes, principalmente nas áreas de transporte e infra-estrutura. Só ele tem idoneidade bastante para assumir compromissos sérios com a iniciativa privada, no sentido de estabelecer parcerias em programas específicos para combater o desemprego, porque só ele possui o perfil exigido do novo governante, que é o do empreendedor comprometido com princípios éticos e sociais.
Precisamos ouvir as idéias de José Serra com muita atenção. No horário eleitoral da televisão, seu desempenho didático pode não lembrar exatamente o de um galã da novela das oito nem um comercial cheio de efeitos especiais e desenhos animados. Mas não se apresenta um programa de governo como se vende um chocolate.
Genialidades de computação gráfica não resolvem problemas econômicos e sociais, e aulas de fonoaudiologia não transformam ninguém em paulistano da noite para o dia. Serra não representa, não é ator de TV. Seu olhar está voltado para as reais necessidades desta cidade, que ele conhece e ama profundamente. Ele não vai virar as costas para os problemas mais prementes da periferia para brilhar sob luzes artificiais em inaugurações de túneis.
É fundamental que não nos deixemos enganar por clones políticos como Celso Pitta, cuja principal promessa de campanha é o argumento mentiroso da continuidade administrativa. Paulo Maluf jamais dirigiu sua administração pensando em eleger seu sucessor.
Se fosse assim, ele não teria endividado a prefeitura da forma como fez, investindo milhões em projetos apenas de fachada. A herança que Maluf preparou para o próximo prefeito não se deixa nem mesmo para o pior inimigo. Que continuidade é essa prometida por Pitta, se ele terá pela frente apenas dívidas imensas para pagar?
Pitta não esconde de ninguém que não tem idéias próprias, e sua fala não deixa dúvidas de que ele é um Maluf com sotaque carioca. Mas será que sua ingenuidade é tão grande que não consegue perceber que é um mero joguete nas mãos de seu mestre, que, por sua vez, planeja vôos muito maiores, que não passam pelos interesses da população de São Paulo?
Para Maluf, a vitória de seu pupilo só é importante para pavimentar seu caminho rumo à campanha presidencial. Com isso, mais uma vez, relegam-se prioridades locais de uma metrópole do porte de São Paulo a segundo plano para beneficiar ambições de caciques políticos, a quem se deve favores de padrinho. Será isso ingenuidade ou cumplicidade?
Já estamos cansados de "promessas de lideranças", dessas aberrações apadrinhadas, inventadas pelo interesse dos "caciques", que surgem do nada, transformam-se em aplicados alunos de oratória e comunicação de massa, conquistam cargos importantes por meio de promessas mentirosas e deixam na saída, nem sempre honrosa, um testemunho vivo de má administração pública.
A força de José Serra não depende de ninguém. Sua capacidade para governar São Paulo está embasada em sua fantástica capacidade administrativa, na sua comprovada eficiência, no prestígio de que desfruta nacional e internacionalmente e no respeito que tem pelo cidadão. É por isso que São Paulo precisa de José Serra. Por isso São Paulo merece José Serra.

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