São Paulo, sexta-feira, 6 de setembro de 1996 |
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Novo John Grisham é só novelão de tribunal
RODOLFO LUCENA
O advogado John Grisham é especialista nesse tipo de livro, misto de policial movimentado e romance meloso. Já conquistou multidões com suas criações que viraram filmes, como "Dossiê Pelicano" e "A Firma". Os dois são bem melhores do que esse "O Homem Que Fazia Chover", uma narração linear, sem grandes surpresas. Quem conta a história é o próprio herói do livro, o quase-formado-e-cheio-de-esperanças estudante de direito Rudy Baylor. Cumprindo tarefa escolar, vai prestar assistência jurídica a um grupo de idosos. É quando encontra o que, capítulos mais tarde, será seu primeiro grande caso como advogado de verdade. Davi e Golias Trata-se de uma edificante luta do Bem contra o Mal, Davi contra Golias. Baylor representa uma pobre família contra uma grande companhia de seguro-saúde. A empresa havia se recusado a pagar o transplante de medula de um jovem acometido de leucemia, que acaba morrendo. Para piorar as coisas, a negativa foi feita repetidas vezes em cartas prepotentes e desaforadas à mãe do jovem. Rudy Baylor, inexperiente, mas cheio de fé na nobre profissão, vai à luta para enfrentar o exército de brilhantes advogados da seguradora -exemplos de como a advocacia pode ser muito menos que nobre. Algumas histórias paralelas, todas relativas à vidinha e aos conflitos interiores do jovem, ajudam a manter o interesse. Ao longo de mais de 500 páginas, o leitor acompanha Baylor e suas dúvidas, as mudanças no trabalho, na vida e nas prioridades do herói. Não espere sangue escorrendo à vontade nem sexo em profusão em "O Homem Que Fazia Chover". O primeiro fato parecido com um crime só acontece depois da página 155 -o incêndio dos escritórios de uma grande firma de advocacia, em que morre o segurança. Além de uma ex-namorada, a única mulher que atrai o herói Baylor surge no capítulo 17. É jovem, bonita e está temporariamente em uma cadeira de rodas, vítima de uma surra do marido bêbado e troglodita. Com esses elementos, Grisham envolve o leitor, sem nunca dar grandes emoções, mas oferecendo uma leitura agradável e sem compromisso. Texto Anterior: Som Livre prepara 'Rei do Gado - vol. 2' Próximo Texto: Homossexualismo é tema de Honório Índice |
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