São Paulo, domingo, 8 de setembro de 1996
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Renda mínima

ÁLVARO ANTÔNIO ZINI JR.

A falta de preocupação com os custos sociais dos planos liberais de ajustamento da economia tem gerado tanto objeções fundadas quanto outras, populistas. É acertado dizer que o mercado, por si só, não corrige desigualdades na distribuição da renda, mas isso não representa uma alternativa de ação ou desqualifica os aspectos corretos do chamado "consenso de Washington".
Apropriadamente, Enrique Iglesias, presidente do Banco Interamericano, um ex-cepalino e economista não ortodoxo, encerrou o seminário sobre a "Teoria e Prática do Desenvolvimento", ocorrido esta semana em Washington, alertando que é perigoso acusar as políticas de estabilização, privatização e reorganização do Estado de fontes de todos os males. Em suas palavras: "O consenso de Washington foi o ponto de partida para recuperar a racionalidade na gestão econômica da América Latina".
Para enfrentar a injustiça social é necessário buscar alternativas que não destruam o equilíbrio das finanças públicas ou inviabilizem o crescimento. E elas existem; cito duas: o programa de renda mínima e a reforma agrária.
O programa de renda mínima, idéia pela qual luta o senador Eduardo Suplicy, tem produzido bons resultados em cidades como Campinas e Brasília quando vinculado com a exigência de que a família assistida mantenha seus filhos na escola. Outro programa é a reforma agrária que transfere propriedade.
Os dois programas visam dar renda para segmentos excluídos. O marco de referência é a economia de mercado, mas seu resultado é diminuir desigualdades. São alternativas válidas que ampliam o consumo, sem, necessariamente, desestruturar as contas públicas.

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