São Paulo, domingo, 8 de setembro de 1996
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Velocidade verde enfrenta discreto Santos

ALBERTO HELENA JR.
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

E aí está o Palmeiras, defendendo sua exclusiva invencibilidade, novamente líder do torneio, diante de um Santos que vem comendo pelas beiradas, bem ao estilo do seu discreto treinador, José Teixeira.
Não me surpreende a velocidade com que o Palmeiras remontou sua equipe, na virada do semestre.
Tampouco, sua presença no topo da artilharia, que deveria estar ainda mais distanciada, posto que a série de empates em 0 a 0 foi mais obra do destino do que da ausência de poderio atacante do time.
Afinal, mesmo nessa fase estéril, o Palmeiras criou e desperdiçou (ou o goleiro inimigo evitou) homéricas goleadas.
Nem mesmo me impressiona a forma excelsa desse irreverente Djalminha, que, a cada jogo, esculpe pequenas obras-primas do futebol, como quem passeia pelo shopping numa tarde morna de sábado, ou a exuberância trivial desse incansável Cafu.
O que me chama a atenção é a maneira sólida e fluente de jogar de seus médios e zagueiros, que garantem lá atrás outra primazia -a de melhor defesa do campeonato.
Troca-se o goleiro; Cafu vai para a seleção, entra Gustavo; sai Cláudio, volta Sandro; as duplas de cobertura à frente da linha de zaga se alternam de Flávio Conceição-Amaral a Galeano-Leandro, o time se atira freneticamente ao ataque, e nada se altera.
Isso é dedo do treinador, que passa o jogo atento, para evitar que a zaga e os médios se postem em linha. Sempre haverá de ter um zagueiro em profundidade, para evitar os inevitáveis contragolpes a um time que se propõe a jogar no ataque. E sempre haverá um médio na cobertura do outro.
Na quinta, com o jogo definido em 4 a 0, os microfones da Band captavam Luxemburgo à beira do campo advertindo Leandro e Galeano para não ficarem na mesma linha.
Aqui entre nós, fosse eu o velho Lobo dos campos, colocaria óculos escuros, peruca vermelha e dava algumas incertas nos treinos da Academia.
Quem sabe, assim, aprendesse a chutar pra longe da área da seleção, definitivamente, aquela angústia que nos consome.
*
Quem diria: eis o Corinthians, tão difamado, diante do Flamengo, tão exaltado, com ares de favorito.
Pelo menos, é o que sugere o recente retrospecto, que crava friamente a euforia alvinegra e a depressão rubro-negro.
Time por time, o Flamengo é muito superior. Mas, ali, na zona de decisão, não tem sido. Por quê?
Quanto ao Mengo não sei bem. Mas, quanto ao Corinthians, a recuperação fulminante deve-se, grande parte, à imprensa que tanto o criticou nas primeiras rodadas.
Não me refiro apenas ao aspecto psicológico, aquela velha história de o grupo se unir sob as vaias dos experts. Mas à própria escalação da equipe, que era uma e agora é outra.
Por exemplo: Ronaldo estava em vias de deixar o Parque e teve seu contrato prontamente renovado; André Santos havia sido afastado; Henrique ia para a Alemanha etc.
Até a Fiel saiu de campo.
Resumindo: as críticas foram o bálsamo que ressuscitou o Corinthians.

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