São Paulo, domingo, 8 de setembro de 1996![]() |
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Revolução Cultural foi tábua de salvação
JAIME SPITZCOVSKY
Os "guardas vermelhos" mataram e perseguiram dezenas de milhares de pessoas, destruíram templos e outros vestígios do "passado feudal", na tentativa de levar o país ao "paraíso proletário". Trinta anos após o início de um movimento que marcou o auge do culto à personalidade de Mao, o governo comunista se refere à "Grande Revolução Cultural e Proletária" como "dez anos de turbulência" ou "perdidos". Mao arquitetou o movimento como instrumento para recuperar prestígio, se livrar de rivais políticos e consolidar seu poder no Partido Comunista. O "Grande Timoneiro" iniciou a década de 60 com o prestígio abalado pelo fracasso do "Grande Salto para Frente", a industrialização forçada que terminou espalhando fome pelo país. No PC, dirigentes como Deng Xiaoping defendiam a "liberalização da economia", ou seja, buscavam eufemismos para maquiar a vontade de introduzir mecanismos capitalistas que evitassem o colapso econômico. A Revolução Cultural apareceu como a tábua de salvação para Mao. Reacendeu o fervor revolucionário e se apoiou nos estudantes para pregar o combate ao "elitismo, revisionismo e mentalidade burguesa". Os "guardas vermelhos" perseguiram, por exemplo, Deng Xiaoping, o dirigente que, depois de enfrentar exílio interno, voltaria ao poder nos anos 70 para arquitetar a revolução capitalista responsável pelo crescimento atual da economia chinesa. Liderados por Jiang Qing (pronuncia-se "tchin"), a mulher de Mao, os "guardas vermelhos", em geral estudantes, agrediam professores e forçavam a suspensão das aulas. O movimento também enviou pelo menos 16 milhões de estudantes à zona rural, para que "aprendessem com os camponeses". Cientistas foram obrigados a trabalhar em fábricas para "conhecer a realidade proletária". A fúria revolucionária arrefeceu apenas com a morte de Mao. (JS) Texto Anterior: Comunista era insone Próximo Texto: Mao viveu enganado pelo otimismo Índice |
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