São Paulo, segunda-feira, 9 de setembro de 1996
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CRIME ORGANIZADO

Não chega a ser novidade, nem no Brasil nem em qualquer parte do mundo, a existência de casos de corrupção de policiais e autoridades pelo crime organizado. A máfia italiana e as acusações sobre a Colômbia estão entre as situações que maior notoriedade tiveram nos últimos anos, mas evidentemente não são as únicas. As estimativas sobre o faturamento mundial do tráfico de drogas, por exemplo, chegam a bilhões de dólares ao ano.
Ainda que o Brasil não pareça estar entre os casos mundiais mais graves, é realista o reconhecimento da existência desse tipo de corrupção, como acaba de fazer o chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Hélio Luz, em entrevista concedida a esta Folha. De nada serviria esconder tais fatos. Identificar o problema é o primeiro passo para atacá-lo.
As prisões recentes de dois supostos chefes do tráfico de drogas no Rio de Janeiro, um encontrado em março último em Fortaleza e outro capturado em Porto Alegre há duas semanas, são resultados positivos que certamente reforçam a posição de Hélio Luz. Ele argumenta que o baixo desempenho da polícia devia-se em parte à extorsão a ao comprometimento da direção do órgão.
Ainda assim, é difícil supor que o tráfico de drogas, entre outros tipos de crime organizado, não tenha ramificações além das favelas. Nesse sentido, a ação policial apenas no varejo mostra-se insuficiente. Os líderes das quadrilhas de distribuição de drogas em favelas certamente não estão no topo da hierarquia do crime.
A atuação mais eficaz da Polícia Federal na repressão à entrada de armas e drogas no país é item fundamental a um necessário combate mais consistente ao crime organizado. Mas é preciso ter presente que, se as operações televisivas em favelas rendem audiência, uma ação verdadeiramente ampla e eficaz deverá atingir também escritórios e apartamentos de luxo.

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