São Paulo, terça-feira, 10 de setembro de 1996
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Para Maluf, ato foi "ridículo"

GEORGE ALONSO
DA REPORTAGEM LOCAL

A visita do presidente Fernando Henrique Cardoso a São Paulo - para anunciar a retomada das obras de extensão do metrô- provocou críticas do prefeito de São Paulo, Paulo Maluf (PPB).
"Nunca vi presidente da República vir a São Paulo inaugurar pedra fundamental. Isso deprecia o cargo de presidente", disse Maluf.
Para o prefeito, que inaugura seguidas obras na cidade também às vésperas do pleito, "o presidente fez um ato muito ridículo, ao gastar querosene de Boeing e envolver mais de cem seguranças para lançar pedra de obra a ser feita".
O candidato de Maluf, Celso Pitta, chegou a dizer ontem, antes de carreata pela zona oeste, que "o ato talvez fira a tal ética política que tanto o PSDB diz defender".
A reação pepebista espelha a preocupação com eventual crescimento do tucano José Serra na corrida eleitoral paulistana.
A última pesquisa Datafolha revela que 19% dos que optam por Pitta admitem hipótese de ainda mudar de idéia. Desses 19%, 31% têm Serra como segunda opção.
Guerra de máquinas
A cúpula da campanha de Celso Pitta (PPB) avalia que Serra é um candidato mais perigoso que Luiza Erundina (PT), em eventual segundo turno -embora nas ruas, os petistas sejam mais aguerridos.
Os pepebistas acreditam que Serra no segundo turno significa maior pressão das máquinas dos governos estadual e federal na campanha. Citam, por exemplo, a frequência com que o ministro das Comunicações, Sérgio Motta, já tem ido a programas de TV.
Além disso, o grau de rejeição de Erundina (44%) é bem superior ao de Serra (23%). Com a ex-prefeita petista, o embate seria comparativo. Com Serra, o pleito se "federaliza" de vez, avalia o PPB.
Pitta até já ensaiou o discurso anti-Serra. "A população vê o aumento do desemprego, vê dinheiro sair para banqueiros falidos."
Maluf não deixou por menos. "Serra foi eleito senador e repudiou o mandato. Foi ministro do Planejamento e não quer voltar ao Senado. Veio algemado para tentar salvar o PSDB em São Paulo. Foi lançado em Paris, é um candidato dos franceses", ironizou.
Maluf igualou o governo Mário Covas aos dos antecessores, Quércia e Fleury. "Esse dinheiro do metrô vai endividar mais o Estado." Pitta chamou o empréstimo de R$ 767 milhões de "pendura".

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