São Paulo, sexta-feira, 13 de setembro de 1996
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R$ 300 milhões

FERNANDO RODRIGUES

Brasília - A saída do senador Gilberto Miranda (AM) do PMDB causou um rebuliço ontem no Congresso.
É importante registrar todas as versões para o fato não ficar apenas ao sabor da história oficial.
Gilberto Miranda relata que se desentendeu anteontem com o senador Jader Barbalho (PMDB-PA), líder do seu partido. "Reclamei para o Sarney, mas ele fingiu que não ouviu. Eu disse que pensava em deixar o partido. Ele silenciou. Então, saí", explica.
José Sarney é presidente do Senado e um dos principais caciques do PMDB. Nega a versão de Miranda. Sarney diz ter sido surpreendido pelo senador que está saindo do partido.
A história está mal contada. Há motivos muito mais concretos do que uma briguinha de plenário para Miranda deixar o PMDB.
Miranda é investigado pela Receita Federal desde o início deste ano. O resultado parcial apareceu há menos de um mês. Empresas nas quais o senador é acionista foram multadas.
O valor das multas não é revelado por Miranda. A Receita Federal também se recusa a divulgar. Seria quebra de sigilo fiscal.
Potente para criar versões, Brasília ontem fervia de chutes a respeito do valor das autuações. Tudo na casa dos milhões. Entre R$ 300 milhões e R$ 400 milhões. Uma fortuna capaz de quebrar o empresário Miranda.
Desesperado com o que chama de "perseguição política", Miranda pediu ajuda a Sarney. Queria que o ex-presidente interviesse na Receita Federal.
Sarney não respondeu. Miranda arranjou uma desculpa pública -o desentendimento com Jader- e saiu do PMDB. Agora, procuraria um ninho mais favorável. O PFL. Ou o PPB.
Personagem central nessa história é a Receita Federal. E o seu secretário, Everardo Maciel, por enquanto, calado. Miranda fez uma acusação grave contra o órgão, de estar sendo perseguido politicamente e sem motivos.
Se Everardo Maciel estiver certo, deveria apresentar logo as provas.

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