São Paulo, sábado, 14 de setembro de 1996
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Fracasso do projeto é esperança tucana

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

O "Fura-Fila" malufista tornou-se, paradoxalmente, a grande esperança do PSDB na tentativa de levar José Serra ao segundo da eleição para a Prefeitura de São Paulo.
Não se fala em outra coisa na campanha tucana. O raciocínio é que a discussão sobre a viabilidade técnica do projeto e mesmo as acusações recíprocas de fraude em depoimentos utilizados no horário gratuito polarizaram a disputa entre PPB e PSDB, tirando o holofote de Luiza Erundina (PT).
Serra, é lógico, prossegue no ataque. "O 'Fura-Fila' não existe. É uma coisa como disco voador, Super-Homem e Barbie", afirmou o candidato ontem.
Depois de citar dados que apontariam o funcionamento deficiente em Essen (Alemanha) da idéia que Celso Pitta (PPB) diz querer implantar em São Paulo, Serra partiu para acusações.
Segundo o tucano, o "Fura-Fila" é fruto da imaginação do publicitário Duda Mendonça e de lobistas. "O Pitta não foi a um debate comigo porque só o Duda saberia defender o "Fura-Fila"', afirmou Serra.
Na sequência, o peessedebista disse que Wolfgang Sauer, ex-presidente da Autolatina e hoje ligado ao prefeito Paulo Maluf, tem interesse especial no projeto de Pitta.
"O Sauer é um lobista conhecido aqui e, para fazer negócio, ele apresenta o projeto", declarou. "Por ser lobista, não tem valor o que possa dizer o que se vai fazer com São Paulo", acrescentou.
Sauer foi procurado por telefone em sua empresa. Sua secretária, Marta, informou que ele estava em viagem e que apenas emitira uma "opinião técnica e objetiva" sobre o "Fura-Fila".
PT
Serra aproveitou a polêmica do momento na sucessão paulistana para também atacar Luiza Erundina, que mantém o segundo lugar na disputa, de acordo com o Datafolha.
No entender do tucano, Erundina tratou o tema, anteontem em seu programa de TV, de maneira neutra. "O PT é contra. Mas não se furta a confundir o eleitor para buscar votos", acha.
Serra é cada vez mais claro na pregação do "voto útil": "Sou a segunda opção de voto dos outros eleitores, e dificilmente a Erundina ganha no segundo turno pelo seu grau de rejeição", disse.
Para não fechar as portas a um entendimento num eventual segundo turno que reúna ele e Pitta, Serra fez uma ressalva. Não entrou no mérito se a rejeição de parte do eleitorado à candidata petista era justa ou injusta.
Internamente, o PSDB avalia que terá dificuldade para superar Erundina, que no Datafolha tem 22%, contra 15% de Serra.
Mas os tucanos majoritariamente acreditam que não é impossível superar Erundina no final, contando para isso com votos antimalufistas que hoje estão com a petista, mas que poderiam ir para Serra, convencidos de que o a candidatura tucana seria mais abrangente.

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