São Paulo, sábado, 14 de setembro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ministro inicia manobra para presidir a Câmara

Luiz Carlos Santos aprovou saída de Gilberto Miranda do PMDB

GABRIELA WOLTHERS
COORDENADORA DE POLÍTICA DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro Luiz Carlos Santos (Assuntos Políticos), deputado licenciado do PMDB de São Paulo, já iniciou articulações para tentar se eleger presidente da Câmara.
Segundo a Folha apurou, a decisão do senador Gilberto Miranda (PMDB) de anunciar que vai trocar o PMDB pelo PFL contou com a bênção do ministro.
A troca se encaixa como uma luva nos planos de Santos, pois há um compromisso entre PMDB e PFL de que um deles preside a Câmara, e o outro, o Senado.
Com Miranda, o PMDB tinha a maior bancada no Senado (24), o que lhe garantia a indicação do presidente da Casa. O PFL vinha em segundo lugar, com 22 senadores. A troca faz com que os dois partidos fiquem empatados.
Ao anunciar a saída, Miranda ameaçou levar pelo menos dois outros senadores para o PFL. Caso isso se confirme, o PFL assegura o direito de indicar o presidente do Senado. O partido tem dois candidatos: Antônio Carlos Magalhães (BA) e Elcio Alvares (ES).
A eleição nas duas Casas será em fevereiro. O PMDB tem dois candidatos assumidos na Câmara: o presidente do partido, Paes de Andrade (CE), e o líder da bancada, Michel Temer (SP).
Segundo membros da cúpula do partido, a estratégia de Santos é essa mesma. Ele prefere articular sua candidatura nos bastidores, enquanto Paes e Temer travam um duelo público pelo posto.
Quando a data da eleição estiver mais próxima, o plano de Santos é colocar sua candidatura como uma "terceira via", uma forma de tentar unir o partido.
Em público, Santos nega a articulação. "Não tive nenhuma participação na decisão de Miranda. Como membro do PMDB, não poderia articular a saída de um senador do partido, não faz sentido", disse o ministro à Folha.
Mas, nos bastidores, ele já admite sua candidatura. Além disso, membros do PMDB avaliam que Santos não poderia ser acusado de "trair" o partido, pois, em compensação, estaria garantindo a presidência da Câmara para a legenda.
Assessores do presidente Fernando Henrique Cardoso afirmam que ele não está trabalhando para nenhum dos postulantes. Mas não escondem que FHC está entusiasmado com as articulações políticas elaboradas por Santos.
O ministro dirigiu a operação que "brecou" a candidatura de João Leiva em São Paulo. Aliado de Orestes Quércia, Leiva tinha como alvo de campanha o governo federal e o candidato do PSDB, José Serra. Leiva foi substituído por José Pinotti, aliado do Planalto.

Texto Anterior: Conversa de criança
Próximo Texto: Reeleição será apreciada fora da reforma política
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.