São Paulo, sábado, 14 de setembro de 1996
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Professor critica a repressão

ESPECIAL PARA A FOLHA

"As drogas sempre existiram. Temos de aprender a aproveitar o que elas têm de bom e a minimizar a parte má. O sistema faz o contrário. A mudança dessa situação dá-se pelo conhecimento, não pela repressão", afirma Antonio Escohotado, professor de filosofia do direito da Universidade Complutense de Madri (Espanha).
Para Escohotado, a guerra contra as drogas, pela repressão e com destruição das plantações de coca e papoula, por exemplo, é insana.
Isso porque a maior parte das drogas em circulação hoje é produzida somente em laboratório.
"É lutar contra a criatividade humana. A cada dia surgem novas drogas, muitas produzidas em pequenos laboratórios privados. Para ter uma idéia, são conhecidas hoje 174 variantes de ecstasy", afirma o especialista espanhol.
As consequências da política repressiva, segundo Escohotado, são sempre as mesmas: mais corrupção, mais criminalidade associada às drogas e menos conhecimento.
Ele cita o caso dos Estados Unidos como exemplo. Lá, em 1913, havia 150 mil usuários de drogas, cujo consumo era controlado por médicos e farmacêuticos. Hoje, 80 anos depois de declarada a guerra às drogas, há 35 milhões de usuários, com altos índices de mortes acidentais.
"E nesse período, nenhum grande traficante foi preso nos Estados Unidos", diz. "Os nossos filhos serão defendidos das drogas pelo conhecimento."

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