São Paulo, sábado, 14 de setembro de 1996
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Mercedes-Benz vai demitir 1.200 no ABC

FÁBIO ZANINI
DA AGÊNCIA FOLHA, NO ABCD

A Mercedes-Benz abriu ontem um novo programa de demissões voluntárias para os funcionários de sua fábrica de São Bernardo (Grande São Paulo).
A empresa espera que 1.200 metalúrgicos aceitem pedir demissão até o próximo dia 26 de setembro, quando o programa se encerra.
As demissões na Mercedes também atingem a fábrica de ônibus, em Campinas (SP). A empresa vai desativar a produção de carrocerias no final de outubro e anunciou a dispensa de 800 empregados.
No total, a montadora pretende mandar embora 2.000 funcionários.
A produção de caminhões na fábrica de São Bernardo está paralisada desde a última segunda-feira, por causa de uma greve no setor 116, de montagem final de cabines.
O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (filiado à CUT) acusa a empresa de abrir o programa como tentativa de esvaziar o movimento.
"A empresa está tentando criar um clima tenso dentro da fábrica, na ilusão de que o protesto vá terminar. É absurdo esperar que tantos trabalhadores aceitem se candidatar em tão pouco tempo", disse Adi dos Santos Lima, coordenador da comissão de fábrica e diretor do sindicato.
Esse é o terceiro programa de demissões voluntárias anunciado pela empresa desde o início do ano. Em janeiro, 865 trabalhadores aderiram e, no final de junho, outros 250 pediram demissão.
A Mercedes-Benz oferece um pacote de quatro a oito salários para cada trabalhador (dependendo do tempo de contratação), além de garantir assistência médica até o final do ano.
A greve na linha de montagem se deve à recusa da direção da empresa de conceder parte da reposição inflacionária antes de novembro, data-base da categoria.
Os trabalhadores reivindicam 10,4% de reposição, reajuste das faixas salariais e renovação do estatuto da comissão de fábrica.
"Os protestos vão continuar até que a posição intransigente da direção seja revista. Não adianta a empresa querer desviar a discussão", afirmou Lima.
Queda de vendas
A assessoria de imprensa da Mercedes-Benz afirmou que as dispensas são resultado da queda nas vendas de caminhões e negou que o programa tenha relação com a greve.
Segundo a empresa, houve redução de 38% nas vendas de caminhões no mercado interno de janeiro a agosto deste ano em comparação com igual período de 1995.
A Mercedes, que possui hoje 9.800 trabalhadores na fábrica de São Bernardo, produz 130 unidades por dia, entre caminhões e chassis de ônibus.

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