São Paulo, sábado, 14 de setembro de 1996
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QUANDO UM ANULA TRÊS

Há mais boas notícias do que ruins para a economia latino-americana, na avaliação feita sobre o primeiro semestre do ano pela Cepal (Comissão Econômica para a América Latina, organismo da ONU).
Primeira boa notícia: o subcontinente começa a sair da crise a que foi arrastado pelo chamado "efeito tequila", ou seja, a repercussão da crise mexicana do fim de 1994.
A Cepal prevê crescimento de 3% este ano contra 0,3% de 1995, o ano em que o "efeito tequila" se fez sentir intensamente.
A segunda boa notícia: a inflação, um monstro que parecia eternizar-se na região, dá nítidos sinais de recuo, a ponto de a Cepal projetar para 1996 "o índice médio regional mais baixo desde 1972", ou seja, há um quarto de século.
Mais boas notícias: o investimento externo voltou a crescer significativamente, devendo atingir US$ 50 bilhões, o dobro da cifra registrada em 1995. Metade desse volume corresponderá a investimentos diretos, que são aqueles que semeiam fábricas e, por extensão, riquezas e empregos.
Todas essas boas notícias não bastam infelizmente para apagar o efeito da que é, a rigor, a única informação negativa do relatório: o nível de crescimento, ainda baixo, "não permitiu reduções apreciáveis do desemprego aberto e persistem os indícios de que se acentua a precarização das condições de trabalho, ao mesmo tempo em que se incrementa o subemprego", constata a Cepal.
E completa: "Isto significa que os atrasos sociais e a acentuada desigualdade que caracterizam a maioria dos países da região não dão mostras de diminuir".
Bem feitas as contas, fica a sensação de que a melhoria das estatísticas ou de muitas delas não está conseguindo, ainda, propagar-se para o cotidiano das pessoas, que é, em última análise, o que realmente conta.

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