São Paulo, domingo, 15 de setembro de 1996 |
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Plano Collor cortou mais empregos do que o Real
FERNANDO RODRIGUES
Editado em 15 de março de 90, o Plano Collor (do ex-presidente Fernando Collor de Mello) cortou 1,5 milhão de empregos até o final do ano seguinte. Se for considerado também o ano de 92, quando a economia ainda estava sob os efeitos do Plano Collor, aumenta para 2,2 milhões o número de empregos formais que foram eliminados no país. Já o Plano Real, cuja moeda entrou em vigor em 1º de julho de 94, cortou 377,2 mil empregos formais da economia em dois anos de vigência -ou seja, até 30 de junho passado. Comparando-se os dois primeiros anos do Plano Collor com os dois primeiros anos do Plano Real, este último fica em grande vantagem. Os 377,2 mil empregos cortados pelo Real representam 25,1% dos cortes da era Collor. "No Plano Collor, o país sofreu o primeiro grande choque da abertura quase total para as exportações. Além de as empresas terem de se adaptar, muitas delas simplesmente fecharam, foram à falência", diz Walter Barelli. Ex-ministro do Trabalho e hoje secretário de Emprego e Relações do Trabalho do governo de São Paulo, Barelli acha que a onda de cortes no emprego formal "ainda não está concluída". "Agora estamos passando por uma outra fase, que é a da adaptação das empresas a novas formas de gestão em busca de mais competitividade", afirma Barelli. Geografia e recuperação Os cortes de emprego formal sempre seguem um certo padrão em termos geográficos. Por exemplo, em 90 e 91, no Plano Collor, 63,25% dos cortes de empregos formais ocorreram na região Sudeste. Nos dois primeiros anos do Plano Real, 57,77% dos cortes também foram no Sudeste. Além desse padrão geográfico, os números absolutos de vagas de empregos formais revelam que a situação começa timidamente a melhorar em todo o país. O último dado disponível é de junho. A informação consolidada para todo o primeiro semestre deste ano demonstra que foram criados 73.252 empregos formais no país. Isso ainda é pouco para recuperar todas as perdas da década. Mas aponta uma tendência. Infelizmente, essa tendência não é generalizada para todas as regiões do país. Quem continua sofrendo são as grandes áreas metropolitanas. Apesar do saldo positivo global para o país, nas nove maiores áreas metropolitanas houve um corte de 43.225 empregos formais. A Grande São Paulo lidera em vagas eliminadas, com 31.669 empregos a menos neste ano. Esse número é atenuado porque inclui trabalhadores de todos os setores. Se for considerado só o emprego industrial, a Grande São Paulo perdeu 36.733 vagas até junho passado. Texto Anterior: FHC, Marx e Franco Próximo Texto: Situação não é explosiva, diz Paiva Índice |
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