São Paulo, terça-feira, 17 de setembro de 1996
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Você é contra ou a favor da legalização do aborto?

* Pitta
Sou contra. Acho que esse recurso extremo apenas pode ser usado dentro do que prevê o atual Código Penal: gravidez resultante de estupro e risco de vida para a gestante. Atualmente há maneiras apropriadas de se evitar a gravidez indesejada. Os meios anticoncepcionais hoje disponíveis permitem um adequado planejamento familiar. Qualquer alteração nesse procedimento legal deveria ser precedida de ampla consulta à sociedade por meio de um plebiscito.

* Erundina
A decisão sobre a legalização ou não do aborto é de competência da legislação federal. O que podemos fazer é proporcionar à mulher informações sobre os métodos anticonceptivos e um melhor conhecimento em relação ao seu corpo. Assim, ajudamos a mulher a se ver numa situação de maior conforto em lidar com seu próprio corpo e com sua sexualidade. O município tem a obrigação de prever situações de aborto legal, oferecendo atendimento adequado.

* Serra
Sou contra a supressão da vida. O Código Penal, que está em vigor e deve ser respeitado, prevê a interrupção da gravidez apenas nos casos de risco iminente de vida para a mãe ou estupro. Cabe à prefeitura atuar no sentido de assegurar à população, especialmente à mais carente, acesso a informações sobre métodos anticoncepcionais e planejamento familiar. O aborto jamais deve ser um método anticoncepcional. O trabalho de esclarecimento deve ser feito nas unidades básicas de saúde do município e por meio de campanhas educacionais. Nosso programa prevê a criação da Carteira de Saúde da Mulher, nos moldes da carteira de vacinação, para registrar ocorrências médicas.

* Rossi
Sou contra o aborto. Acredito que quem é a favor do aborto é contra a vida. Tenho por princípio ser sempre a favor da vida. Justifico a interrupção de uma gravidez em dois casos particulares: após violência sexual em que a mulher descobre-se grávida ou em gestações que ofereçam risco de vida para a parturiente. Nesse segundo caso, acredito que deva prevalecer a vida da mãe. Nos dois casos, o aborto é uma medida extrema que não deve ser aplaudida, apenas justificada. O que é necessário, acima da discussão sobre o aborto, é restabelecer os serviços de atendimento especial à saúde da mulher, oferecendo orientação sexual principalmente aos mais jovens, para que eles aprendam a evitar uma gravidez indesejada.

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