São Paulo, terça-feira, 17 de setembro de 1996 |
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Mulher de Lamarca deve ser exumada
RUI NOGUEIRA
Iara, morta em 71, está enterrada no cemitério israelita de Vila Mariana (zona sul de São Paulo), no setor destinado aos suicidas. A autorização foi dada por meio de uma carta dos irmãos de Iara -Raul, Samuel e Rosa-, encaminhada ontem ao presidente do Rabinato da Congregação Israelita Paulista, o rabino Henry Sobel, 52. Os movimentos de defesa dos direitos humanos pediam a exumação do corpo. Por ser judia, a família resistia à exumação e pediu a mediação de Sobel para discutir o caso com a comunidade judaica. Os movimentos de defesa dos direitos humanos têm dois motivos para duvidar da versão oficial. O primeiro é que nunca foi revelado o laudo oficial de sua morte: Iara teria se suicidado com um tiro no peito ao ser cercada dentro de uma casa, em Salvador (BA). Segundo motivo: um militar que já morreu, mas que teria participado do cerco a Iara, teria informado a familiares de desaparecidos que Iara foi atingida por uma rajada de metralhadora ao reagir à prisão. Na carta a Sobel, os irmãos pedem que, depois da perícia, o corpo seja enterrado na área comum do cemitério israelita do Butantã. Sobel disse ontem que vai agora consultar as autoridades judaicas de São Paulo. Mas não acredita que surjam dificuldades: os pais de Iara concordam com a exumação e deram o consentimento ontem. "A tradição judaica não permite a exumação porque nós não somos donos do corpo. O que vem da terra, devolvemos à terra. Mas, neste caso, há circunstâncias especiais que justificam a decisão", disse Sobel. Texto Anterior: FHC prepara pacote para cortar despesas com o serviço público Próximo Texto: Clube Militar discute decisão Índice |
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