São Paulo, terça-feira, 17 de setembro de 1996 |
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Maluf ataca Serra e pede renúncia de FHC e Covas ROGÉRIO GENTILE ROGÉRIO GENTILE; GEORGE ALONSO
O prefeito de São Paulo, Paulo Maluf (PPB), disse ontem que o presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, e o governador paulista, Mário Covas (PSDB), deveriam renunciar "se tivessem um pouquinho de humildade e de vergonha na cara". Maluf -que participava da inauguração de três prédios do projeto Cingapura na zona sul- fez o comentário quando indagado se achava que o candidato do PSDB à sua sucessão, José Serra, tinha chances de ir ao segundo turno da eleição. "Todas as pesquisas indicam que não. Agora, com toda a máquina dos governos federal e estadual e com todo o dinheiro disponível no Brasil, eles perderem para a Luiza Erundina, realmente, acho que o presidente Fernando Henrique e o governador Mário Covas, depois dessa derrota, deveriam renunciar ao mandato, se tivessem um pouquinho de humildade e de vergonha na cara", disse. Segundo o prefeito, "o governo está sendo muito mal avaliado pela população". "Está sendo reprovado no Brasil inteiro, perdendo em Porto Alegre, Florianópolis, Paraná, Bahia e no Rio para um candidato desconhecido (Luiz Paulo Conde, do PFL)", afirmou. Em discurso na favela Uirapuru, onde os prédios foram construídos, Maluf disse que não inaugura pedra fundamental, referindo à vinda do presidente, na semana passada, para o lançamento das obras de extensão do metrô. "Conosco não tem demagogia. Estão aqui as obras do Cingapura para mostrar para esses velhacos que tudo prometem e nada fazem por vocês", afirmou. O prefeito disse ainda que o governo Fernando Henrique é o governo dos banqueiros. "Enquanto se dá US$ 52 milhões para os banqueiros, o governo está prometendo um aumento de R$ 7,5 no salário mínimo para o ano que vem inteiro. A sigla PSDB significa pronto-socorro dos banqueiros." "Irresponsável" Fernando Henrique disse por intermédio de seu porta-voz, Sergio Amaral, que não acredita que Maluf tenha feito "uma declaração tão irresponsável". Amaral disse que não teve tempo de "checar" a declaração antes de levá-la ao conhecimento do presidente. Acrescentou ainda que gostaria ter visto o contexto exato em que a afirmação foi feita. "Idiota" À tarde, antes de carreata com o candidato Celso Pitta pela zona sul, Maluf voltou a atacar os tucanos, ao se referir à polêmica em torno do "'Fura-Fila" e metrô. "Prometo que ponho na minha cabeça uma roleta russa com seis balas, se Mário Covas mostrar que acordou e se José Serra me provar que construiu um metro de metrô", disse. Maluf ainda emendou: "Eles (os tucanos) ainda nem tomaram posse do governo". O prefeito mostrou irritação ao comentar o endividamento da prefeitura paulistana em sua gestão. Maluf disse que Serra é um "idiota", por ter ido à TV para atacar as dívidas da prefeitura. "O Banco Central e o Senado autorizaram a emissão de títulos para pagar precatórios. Estamos pagando as nossas contas em dia. Foi o próprio idiota, o candidato chapa branca, que por meio do Ministério do Planejamento deu parecer favorável", afirmou. Serra deixou o Planejamento para ser candidato em São Paulo. O pepebista comparou o seu governo com os de Covas e de FHC. "O Estado está sempre ameaçado de intervenção. O governo do Estado é caloteiro. A dívida do governo federal é 200% do Orçamento. A do Estado está em 300%", disse. Maluf culpou Serra pela dívida interna do país. "Foi ele quem faliu o governo federal com uma administração temerária e incompetente. Ele tem de explicar por que deu R$ 12 bilhões aos bancos Econômico e Nacional, que financiaram sua campanha de senador." Oficialmente, Serra recebeu R$ 1,9 milhão em doações no pleito de 1994, sendo R$ 380 mil de bancos. Pesquisas encomendadas pelo PPB apontam que Serra está a quatro pontos da petista Luiza Erundina. O malufismo prefere o PT no segundo turno, para não enfrentar as máquinas federal e estadual. Texto Anterior: O senhor da guerra Próximo Texto: D. Paulo pede a prefeito que cuide mais do social Índice |
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