São Paulo, terça-feira, 17 de setembro de 1996
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Salários iniciais são os maiores desde 90

MÁRCIO DE MORAIS
FERNANDO RODRIGUES

MÁRCIO DE MORAIS; FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Valor mediano passou de R$ 209 em junho para R$ 220 em julho, revela pesquisa do Ministério do Trabalho

O salário de contratação no setor formal da economia registrou, em julho, o maior valor mediano desde 1990 -R$ 220, contra R$ 209 em junho.
Pelo critério utilizado pelo Ministério do Trabalho, o salário mediano é o que fica no intervalo entre os 50% maiores e os 50% menores, na pesquisa sobre as contratações. Difere, portanto, do salário médio.
"É o maior crescimento do salário de contratação desde que a pesquisa do ministério começou a ser feita (junho de 1990)", disse Daniel de Oliveira, secretário de Política de Emprego e Salário.
A causa do crescimento é a melhor qualificação da mão-de-obra. "As empresas estão substituindo mão-de-obra não qualificada pela de maior qualificação", disse.
A pesquisa se baseou em dados encaminhados ao ministério por 331 mil empresas, que empregam 24,6 milhões de pessoas.
Decepção
Segundo o Ministério do Trabalho, houve a criação, em julho, de 6.676 postos de trabalho formais (com carteira de trabalho assinada) em todo o país.
As regiões metropolitanas, como Rio de Janeiro e Porto Alegre, registraram alto nível de demissões. Ao todo, as nove maiores áreas urbanas do país eliminaram 4.144 postos de trabalho em julho.
A indústria de transformação também teve desempenho negativo. Em julho, as indústrias cortaram 3.170 postos de trabalho.
O mês acabou tendo saldo positivo por conta dos novos postos de trabalho abertos nas regiões Norte, Nordeste e em um Estado do Sudeste (Minas Gerais).
Minas criou 8.303 empregos formais em julho e foi o Estado com o desempenho mais positivo no mês, se forem considerados apenas os números absolutos.
O resultado final de julho decepcionou o governo. Os 6.676 empregos criados apontam para a quase estabilidade no nível de emprego formal. Em termos percentuais, mostram variação positiva de apenas 0,03% sobre junho.
Segundo a Folha apurou, os técnicos do Trabalho esperavam reação maior do emprego por conta da suposta recuperação da economia neste segundo semestre.
Total do ano
Apesar da quase estabilidade de julho, o emprego formal continua a ter desempenho positivo ao longo do ano. Até 31 de julho foram criados 79.928 empregos em todo o país.
Com os números de ontem, chega a 2,053 milhões o número de empregos formais cortados nos anos 90.
Durante o Plano Real, de 1º de julho de 94 até 31 de julho passado, foram cortados 370.501 empregos.
Embora os números globais para o país tenham melhorado lentamente neste ano -tanto quando se trata dos anos 90 quanto do período pós-Plano Real-, a situação tem se deteriorado nas regiões metropolitanas.
Até junho, no período pós-Real, as nove maiores regiões metropolitanas para as quais o Ministério do Trabalho divulga estatísticas separadas tinham cortado 137.555 vagas formais.
Com o dado divulgado ontem, essas nove áreas metropolitanas aumentaram o número de empregos formais eliminados para 141.699 no pós-Real -ou seja, mais 3%.
A Grande São Paulo continua disparada na frente. Até agora, no período pós-Real, eliminou 81.443 empregos. Em segundo lugar está Porto Alegre, que cortou 32.658 vagas de trabalho.

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